De acordo com dados do Ministério das Relações Exteriores, há cerca de 250 mil chineses vivendo no Brasil atualmente. A comunidade chinesa é presente no país desde a época da imigração nipônica, em 1812, quando entre 200 e 400 chineses de Macau vieram ao país cultivar chá por determinação do rei dom João VI.
Durante este ano de pandemia, porém, as relações com chineses foram impactadas negativamente. No início da pandemia, em fevereiro, a Ibrachina lançou uma campanha para combater a sinofobia e informações falsas sobre a pandemia com o boletim informativo Observatório do Coronavírus. O instituto chegou a emitir uma nota de repúdio contra qualquer discriminação contra chineses por causa da pandemia.
Ela é assinada pelo presidente Thomas Law, que afirma que “culpar o povo chinês, que mais sofreu com o coronavírus, é inadmissível”.
Thomas Law, presidente da Ibrachina
A Câmara Brasil-China, uma organização independente de promoção do comércio internacional, também emitiu uma nota, no mesmo mês, contra acusações de que a pandemia foi provocada pelos chineses.
– Foram enormes as perdas econômicas e a pressão financeira causadas pela suspensão das atividades econômicas e sociais na China por cerca de dois meses, pelos testes feitos na população, os isolamentos e tratamentos realizados para quase 100 mil casos suspeitos e mais de 80 mil casos confirmados da Covid-19. Tivemos, com muito pesar, mais de 3 mil óbitos dos nossos compatriotas, entre os quais cerca de 200 médicos e enfermeiras que sacrificaram as suas vidas na frente de combate à Covid-19. Tudo isto já causou um trauma psicológico inimaginável ao povo chinês porque essas vidas não podem renascer, não importa quanto dinheiro você tenha! – afirma a nota assinada por Li Yang, Consul Geral da República Popular da China no Rio de Janeiro.
O QUE DIZ UM CHINÊS RESIDENTE NO BRASILO autônomo do ramo de exportações Tingchun Zhang, de 37 anos, nasceu na China e atualmente mora em Belo Horizonte, Minas Gerais.
Ele é casado com uma brasileira e está no país há 12 anos. Tingchun afirma que não se sente discriminado, mas que a pandemia acentuou alguns preconceitos contra chineses.
– A própria história da vacina já é um preconceito contra a China. Porque tem gente que acha que produto chinês não tem qualidade, imagina a vacina! Eu sei que muita gente pensa assim, mas eu nunca sofri preconceito no Brasil. Eu uso muito pouco as redes sociais, mas de vez em quando vejo umas críticas contra chineses e acusações – declarou.
– Eu acho o seguinte: o mundo está chegando num momento muito difícil. São crises o tempo todo e parece que só a China está crescendo. Isso incomodou os Estados Unidos e esse negócio de culpar a China como origem da pandemia é, ao meu ver, uma provocação, uma inveja. A pandemia pode até ter começado na China, mas o vírus não – declarou ao Pleno.News.
A própria história da vacina já é um preconceito contra a China
– Então, eu acho que o melhor a se fazer é, para não prejudicar a amizade entre chineses e brasileiros, ficar esperto, filtrar as notícias. Eu já ouvi coisas demais, como que a China criou o vírus (risos). E essas fake news são muito fáceis de descobrir! Eu vejo assim. A pessoa já perdeu a paciência de ler e de entender. Ela viu a palavra “China” e não quer saber mais, já quer jogar a culpa. Acho que todo mundo tem que ter mais tolerância e mais calma – completou.
O QUE DIZ UM BRASILEIRO QUE VIVE NA CHINAJá o brasileiro Marcos Lombello mora na China, no estado de Huludao, onde trabalha como professor de inglês. Ele também é fundador do Projeto Amizade China-Brasil, que trabalha em parceria com o Consulado Geral do Brasil.
Lombello afirmou ao portal que já viu preconceito e críticas nas redes sociais. Ele revelou que já foi criticado por defender o país em que reside e onde constituiu família.
– Mesmo sendo brasileiro, eu já me senti ofendido porque amo este país e elogio a China nas minhas redes. Eu moro aqui e vejo que muitas coisas que falam simplesmente não são verdade – defendeu.
NOTA DA IBRACHINA NA ÍNTEGRAO Instituto SocioCultural Brasil-China (Ibrachina) vem a público manifestar repúdio a todo e qualquer tipo de ataque discriminatório contra a comunidade asiática.
A comunidade mundial enfrenta uma pandemia. A China recebeu o primeiro impacto, admitiu falhas e adotou medidas em uma escala inédita na história da humanidade para combater o coronavírus. A mobilização do povo chinês se tornou um exemplo para o mundo. Sua experiência em conter o vírus pode ajudar outros países. Os avanços nas pesquisas de tratamentos e vacinas também devem beneficiar todos os povos.
Enquanto as pesquisas prosseguem em colaboração com outros países, a China ajuda os povos amigos. Enviou equipes médicas e suprimentos à Itália, Espanha e ao Iraque, entre outros países.
Culpar o povo chinês, que mais sofreu com o coronavírus, é inadmissível. O filósofo alemão Theodor Adorno definiu esse tipo de ataque com clareza em 1947 ao afirmar que “culpar a vítima é uma das características mais sinistras do caráter fascista”.
Neste cenário, as palavras de Martin Luther King soam atuais: “o que me preocupa não é o grito dos maus. É o silêncio dos bons”. O Ibrachina será sempre uma voz na defesa da paz entre os povos e da solidariedade entre as nações.
São Paulo, 19 de março de 2020
Thomas LawPresidente do Ibrachina
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