Com diversas passagens pela polícia por tráfico, o DJ capixaba Pan Augusto Faria Lê, 41 anos, que usava o nome falso de Julio César Ovelar, o Jhony Cabeludo, foi executado no Paraguai com outros dois brasileiros.
Por trás das mortes, segundo fontes da Polícia Nacional do Paraguai, estaria Felipe Barão Escurra, conhecido como Barão do Tráfico. Ele é apontado por policiais como um dos maiores fornecedores de maconha para o Brasil.
As mortes ocorreram em uma propriedade rural na colônia Cristino Potrero, em Capitán Bado, cidade paraguaia vizinha de Coronel Sapucaia, Mato Grosso do Sul, a 400 km de Campo Grande, na madrugada da última quinta-feira.
A colônia Cristino Potrero possui dezenas de plantações da droga controladas pelo Barão. Na região, foi travada uma guerra do tráfico entre facções rivais. De quinta-feira até domingo, pelo menos sete pessoas foram assassinadas, sendo seis brasileiros (uma das vítimas estava grávida) e um paraguaio.
O corpo de Julio César foi reconhecido pela mulher dele, uma brasileira. Ela procurou a Comisaria da Polícia Nacional em Capitán Bado e disse que o marido era um dos mortos. Foi ela quem providenciou o traslado para o Estado.
O corpo chegou a ser velado durante todo o domingo no Cemitério de Santo Antônio, em Vitória, mas antes do sepultamento a família percebeu que o nome que constava nos documentos não era de Pan Augusto, mas de Julio César Ovelar.
Diante disso, a família pediu ao advogado criminalista que atua no Estado, Ely Joaquim Soares Ferreira Junior, que tentasse, via Justiça, corrigir o erro, o que foi feito.
O sepultamento do DJ foi na noite de ontem, no Cemitério de Santo Antônio, em Vitória, sua cidade natal. No local, familiares, abalados, evitaram falar sobre as causas do assassinato. Disseram que Pan Augusto morava há muitos anos no Paraguai, mas não sabiam da motivação para o crime.
O outro brasileiro morto foi identificado como Carlos Augusto Lopes Soares, 29. A polícia ainda tenta identificar a terceira vítima.
Vizinhos do local onde ocorreu o crime informaram aos policiais que ouviram tiros e viram uma caminhonete com homens fugindo. O veículo foi encontrado incendiado a alguns quilômetros da área onde ocorreram os assassinatos.
Exames comprovam identidade
Antes que o corpo fosse sepultado, foi preciso realizar exames para comprovar que realmente tratava-se do DJ capixaba Pan Augusto Faria Lê, e não de Julio César Ovelar, como constava na liberação que veio do Paraguai.
Cauteloso, o delegado José Lopes, chefe do Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP), só liberou o corpo do Departamento Médico Legal (DML) para sepultamento depois de ter em mãos o laudo papiloscópico, ou seja, a identificação por meio das impressões digitais.
A comprovação ocorreu ontem. “A mãe procurou um advogado e disse que queria enterrar o filho com o nome verdadeiro. O juiz determinou que fosse liberado, desde de que fossem feitos todos os nossos trâmites, que são os exames para comprovar que realmente era o corpo dele (Pan).”
José Lopes queria se certificar que o corpo, de fato, era de Pan, já que ele era considerado foragido da Justiça no Brasil e poderia estar simulando sua morte.
Desde 2002, Pan tem passagem pela polícia. José Lopes disse que ele tinha mandado de prisão por tráfico de drogas em Vitória, Guarapari (expedido em 2013) e era fugitivo de Viana (2006).
Em 2005, Pan foi apontado como fornecedor de ecstasy para grandes festas em São Paulo. Ele chegou a declarar à imprensa que começou a traficar ecstasy em 1995.
Pan contou que viajava para Ibiza, na Espanha, e trazia malas cheias de comprimidos para vender na balada. Declarou, na ocasião, que levou quase meio milhão de unidades para São Paulo.
Familiares contaram que o enterro de Pan, na noite de ontem, foi sem velório, já que o corpo havia sido velado no último domingo, mesmo com outra identificação. Antes do sepultamento, a família descobriu o erro no documento e levou o corpo de volta ao DML.
Fonte: Tribuna Online