Os vereadores de São Paulo desistem de apoiar CPI que investiga ONGs e Padre Júlio Lancellotti
Recentemente, dez vereadores da Câmara Municipal de São Paulo desistiram de apoiar a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que pretendia investigar a atuação de organizações não governamentais (ONGs) e do Padre Júlio Lancellotti em ações sociais no centro da capital paulista. Essa desistência veio após uma repercussão negativa sobre a investigação, levando os vereadores a repensar seu apoio à CPI proposta pelo vereador Rubinho Nunes.
Entre os vereadores que retiraram seu apoio à CPI, destaca-se Gilson Barreto, do PSDB, que ao retirar sua assinatura, ressaltou que a comissão fiscalizaria as atividades do padre Lancellotti sem que ele participe de qualquer convênio com a municipalidade. Outro vereador, Xexéu Tripoli, também do PSDB, expressou seu apoio ao padre Júlio Lancelotti e seu trabalho humanitário exemplar, questionando a abertura de uma CPI para investigar o religioso.
Com o recuo dos dez vereadores, a CPI não teria apoio suficiente para ser protocolada, uma vez que é necessária a aprovação de 19 vereadores. No entanto, a Câmara Municipal de São Paulo destacou que a retirada de assinaturas do requerimento da CPI tem um papel simbólico apenas, e não impede o próximo passo para a instauração da comissão, que é a avaliação no Colégio de Líderes.
Apesar da desistência dos vereadores, a instauração da CPI das ONGs ainda pode acontecer, já que, segundo a Câmara Municipal, a retirada de assinaturas dos vereadores é apenas simbólica e não impede o próximo passo que é analisar a questão em colégio de líderes. Se houver consenso nesse ponto, o assunto seria levado ao plenário.
No entanto, a retirada das assinaturas mostra que a CPI enfrentará dificuldades para ser aprovada na Casa legislativa. Em plenário, serão necessárias duas votações para a aprovação da criação e instalação da CPI das ONGs, ambas exigindo 28 votos dos 55 vereadores da câmara.
O texto do requerimento para a criação da CPI não especifica claramente quais entidades e pessoas serão investigadas, mencionando apenas a finalidade de investigar ONGs que fornecem alimentos, utensílios para o uso de substâncias ilícitas e tratamento dos dependentes químicos que frequentam a região da Cracolândia.
Apesar de o nome do Padre Júlio Lancellotti não estar no pedido da CPI, o vereador Rubinho Nunes afirmou em suas redes sociais que o religioso seria alvo das investigações. O Padre, por sua vez, destacou que não pertence a nenhuma organização da sociedade civil ou organização não governamental que utilize convênio com o Poder Público Municipal.
Em resumo, a desistência de dez vereadores de apoiar a CPI das ONGs e a controvérsia em torno da investigação colocaram em xeque a possibilidade de sua instauração, mostrando a complexidade e as divergências em torno do tema na Câmara Municipal de São Paulo. Este é um desdobramento importante que merece atenção e acompanhamento por parte dos cidadãos e autoridades.