Os trabalhos serão apresentados no evento, que acontecerá virtualmente a partir de segunda-feira (15).
Três projetos do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes) foram selecionados para a edição 2021 da Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace) . O evento acontece virtualmente de 15 a 27 de março e promove a seleção e a premiação de projetos para participarem em outras feiras nacionais e em eventos internacionais.
Os projetos selecionados são “A luta pelo direito à educação: um estudo a partir da realidade indígena de Aracruz-ES”, do Campus Aracruz; “Avaliação do uso de substâncias bioativas na indústria cosmética”, do Campus Vila Velha; e “Software para projeto de conversores CC-CC básicos não-isolados”, do Campus São Mateus. Os trabalhos do Ifes foram apresentados na Feira de Ciências Norte Capixaba (Fecinc), realizada junto com a IV Jornada de Integração do Ifes, no final do ano passado.
A Fecinc é afiliada à Febrace, por essa razão selecionou projetos do Ifes para apresentação no evento deste ano. “Durante a Fecinc, também estimulamos os alunos a fazerem submissão direta para Febrace, por isso, ao todo temos três projetos do Instituto que serão apresentados na feira”, explica o professor Thiago Rafalski Maduro, coordenador-geral da feira.
Os projetos
De autoria dos estudantes do Campus Aracruz Diwarian Pego de Souza e Josiane Tranhagno Cordeiro, sob a orientação do Thalismar Matias Gonçalves, o projeto “A luta pelo direito à educação: um estudo a partir da realidade indígena de Aracruz-ES” é um dos selecionados pela Fecinc para apresentação na Febrace. O projeto analisou como a educação escolar indígena, garantida pela Constituição Federal de 1988, tem sido implementada no município de Aracruz, por meio de entrevistas e visitas técnicas (realizadas antes da pandemia). De acordo com o professor Thalismar, que orientou os estudantes, eles identificaram avanços e alguns gargalos durante a pesquisa. “Entre os avanços, estão a implantação de escolas de educação infantil e ensino fundamental e a maioria dos professores são indígenas. Entre os limites está a falta de infraestrutura, como acesso à internet, laboratórios e quadras esportivas”, conta. “A primeira escola indígena de ensino médio só foi implantada em 2020”, complementa.
O estudante Diwarian avaliou de forma positiva a experiência de participar do projeto. “Pude estudar sobre a educação indígena da qual eu fiz parte durante toda a minha educação infantil e ensino fundamental. Também participei do Nepto, o Núcleo de Estudos sobre os Povos Tradicionais Originários, onde estudávamos sobre vários temas referentes aos povos indígenas não só do nosso município, mas do Brasil todo. Esse núcleo foi bem importante para mim pois fez com que eu me sentisse acolhido dentro do campus, pude expressar minhas vivências e visões para os meus colegas e ouvir as deles”, relata. Quanto à Febrace, o aluno conta que já considera uma vitória poder levar esse projeto à Febrace: “poderemos mostrar a realidade das comunidades indígenas, especialmente das comunidades indígenas de Aracruz, que muitas vezes são invisibilizadas no Espírito Santo e mais ainda no Brasil. A gente tem uma história muito forte, uma história de resistência e de conquistas, então estou com uma expectativa muito boa em relação a Febrace”, finaliza. Confira o vídeo sobre o projeto.
Outro projeto selecionado pela Fecinc é “Avaliação do uso de substâncias bioativas na indústria cosmética”, do Campus Vila Velha. Realizado pelos estudantes Lizandra Marques Sarmento, Luis Miguel Mariani Kock e Nathália Alcantara Rocha, com orientação da professora Sonia Wenceslau Flores Rodrigues, o trabalho consistiu na avaliação de substâncias usadas em cosméticos e analisar se havia embasamento científico para o seu uso. Os alunos estudaram os seguintes bioativos: ácido hialurônico, extrato chá verde e extrato de aroeira. “Durante o projeto também estudamos a cadeia de produção desses produtos e a questão da sustentabilidade e consumo consciente”, conta a aluna Nathália. “A ideia é orientar os consumidores a analisar os rótulos dos produtos que consomem”, complementa. A professora Sonia destaca que os estudantes ainda formularam dois produtos educativos durante o trabalho. “Elaboramos um vídeo destinado ao público leigo e o conceito de produto fictício para ser explorado em estudo subsequente, um sabonete em gel antiacne de aroeira vermelha e maracujá azedo”, explica. Acesse o vídeo.
O trabalho “Software para projeto de conversores CC-CC básicos não isolados” foi desenvolvido pelos estudantes Beatriz Medeiros da Silva e Johann Jakob Schmitz Bastos , do Campus São Mateus. Orientados pelo professor Nelson Henrique Bertollo Santana, e coorientação de Arthur Eduardo Alves Amorim, eles desenvolveram um programa de computador voltado a projetistas de conversores e também estudantes. “O software aceita a inserção de dados das conversões de níveis de tensão em volts e fornece os parâmetros para construir o conversor”, explica o professor Nelson. De acordo com o orientador, o projeto inicial previa a montagem de uma microrrede CC em substituição da geração distribuída. “Em função da pandemia, foi necessário estruturar outras atividades para o projeto, já que a montagem seria presencial”, conta. O software pode ser acessado em microredecc.com.
O estudante Johann participa de projetos de pesquisa desde 2018 e considera a experiência enriquecedora. “Sempre há o aprendizado de novos conhecimentos pessoais e conhecimentos técnicos, além é claro da aplicação desses na prática. Uma das partes mais legais é quando o aluno se torna protagonista da aprendizagem, influenciando diretamente na direção do desenvolvimento do projeto”, pontua. Ele ressalta que bons projetos abrem várias oportunidades para os alunos envolvidos, tanto oportunidades presentes, como participar de eventos externos, quanto oportunidade futura com o embasamento do currículo em atividades que fazem sentido para o aluno. E recomenda: “quando não é o aluno que está propondo o projeto, é importante entender a proposta do projeto e não ficar com medo de aprender coisas novas. O aspecto financeiro nessa hora é uma das coisas menos relevantes”. Ele pontua ainda que o projeto do software teve um caráter mais colaborativo que os demais, principalmente devido a pandemia, o que ocasionou que o trabalho fosse realizado pela internet em tempo integral, o que provoca naturalmente uma maior comunicação. “Isso tudo resultou no desenvolvimento de capacidades como liderança e trabalho em equipe, ambas necessárias para a vida”, conclui.
Fecinc
A Fecinc faz parte de uma rede internacional de feiras de ciências. As feiras de menor porte e de menor abrangência, como a Fecinc, premiam projetos com credenciais para feiras de maior porte ou de porte nacional. Os eventos se conectam por um conjunto de regras que estão majoritariamente relacionados com a quantidade de alunos em cada grupo de pesquisa (no máximo três) e critérios de seleção e avaliação dos projetos.
Em 2020, a Fecinc premiou 36 projetos e contou com a participação de 170 alunos dos ensinos fundamental e médio, de 17 municípios capixabas, orientados por 76 professores. Oitenta e oito profissionais, de 50 instituições diferentes, entre empresas, universidades e institutos federais, fizeram as avaliações.