Pela primeira vez, foi realizado no Espírito Santo transplante duplo de órgãos. O procedimento teve início na noite dessa quinta-feira (30) e terminou às 5h00 desta sexta (31). O paciente beneficiado, morador da região sul do estado, recebeu o fígado e um rim do doador, que faleceu em um hospital da rede pública estadual da Grande Vitória.
Com o “sim” que a família deu para a doação dos órgãos, o doador ainda pôde salvar a vida de pessoa moradora da Grande Vitória, que também estava na fila à espera de um rim, e doar as duas córneas. Após processadas, poderão ajudar mais duas pessoas a recuperar a qualidade da visão.
A coordenadora da Central de Transplantes da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), Maria Machado, explica que o paciente que passou pelo transplante duplo estava na fila à espera de um fígado, mas, devido a sua grave condição de saúde, necessitava também de um rim. “Ele, inclusive, fazia hemodiálise”, informou a coordenadora.
Maria explica que a definição de quem receberá os órgãos doados é feita por meio de um sistema on-line do Ministério da Saúde gerenciado pelo Sistema Nacional de Transplantes, obedecendo a critérios rígidos estabelecidos pela legislação federal, entre eles compatibilidade sanguínea entre doador e receptor, estado de saúde do receptor e tempo de espera pelo órgão.
“A prioridade é dada para pacientes do estado onde o órgão foi captado. Se nenhum dos receptores for compatível, o órgão é disponibilizado para a Central Nacional de Transplantes, que fará a oferta para receptores de outros estados, obedecendo aos mesmos critérios da legislação federal”, detalhou a coordenadora.
Para Maria Machado, o paciente que recebeu os dois órgãos que precisava foi agraciado. “Estávamos diante de um caso muito complexo, em que era necessário que a compatibilidade entre doador e receptor fosse a ideal para não haver rejeição de ambos os órgãos. A condição do paciente não permitiria fazer só o transplante de fígado”, destacou.
Além de agradecer à família doadora, a coordenadora da Central de Transplantes do Espírito Santo ressaltou o comprometimento das equipes médicas e de enfermagem envolvidas na realização do protocolo de morte encefálica do doador, no acolhimento da família e na realização da entrevista com os familiares para autorização da doação, na captação dos órgãos, no transporte e na realização do transplante.
“É um time. Apesar de não trabalharmos todos no mesmo espaço físico, um trabalho como este só se faz em equipe. Houve muita vibração quando vislumbramos a possibilidade de fazer esse transplante duplo, quando recebemos o resultado dos exames que mostraram a compatibilidade entre o doador e o receptor. Nós, profissionais da saúde, que lutamos para salvar vidas, somos imensamente gratos por gestos como o desta família que disse ‘sim’ para a doação, assim como temos certeza de que, quem tem um órgão transplantado é eternamente grato a quem doou”, comentou a coordenadora da Central de Transplantes.
Fonte: Jornal Fato