Trabalho Remoto: Condições Precárias nas Plataformas Digitais
As plataformas digitais, que se tornaram essenciais para a mediatação de serviços como entrega, transporte e aluguel por temporada, também têm expandido suas operações no Brasil e no mundo ao disponibilizar oportunidades de trabalho remoto. Um novo relatório, intitulado "Fairwork Cloudwork Ratings 2025", coordenado pela Universidade de Oxford em parceria com o WZB Berlin, aponta que essa modalidade de trabalho, que envolve diversas funções, como criação de conteúdo e alimentação de dados para inteligência artificial, tem mostrado um cenário alarmante. O estudo revelou que seis em cada dez trabalhadores remotos dependem dessas plataformas como principal fonte de renda, mas enfrentam condições insatisfatórias e inseguras.
Os dados levantados pelo relatório indicam que apenas quatro das 16 plataformas analisadas garantiram que seus prestadores de serviços recebem pelo menos o salário mínimo local. Com uma média geral de 3,5 pontos em uma escala de 10, plataformas como Amazon Mechanical Turk, Freelancer e Microworkers ficaram com as menores notas, sem oferecer condições justas de trabalho. Entre os principais problemas identificados estão a falta de pagamento por serviços prestados e remunerações que não atendem ao mínimo legal, além da ausência de suporte social e segurança aos trabalhadores.
Um em cada três entrevistados reportou não ter recebido pagamento ou recebido apenas em cartões-presente. Além disso, a pesquisa destacou a falta de clareza nos contratos, dificultando a compreensão dos direitos e deveres dos trabalhadores, especialmente em um contexto de diferenças linguísticas e culturais, como é o caso do Brasil.
O pesquisador Jonas Valente, coordenador do estudo, enfatizou a necessidade urgente de regulamentação tanto a nível nacional quanto internacional para proteger os cerca de 400 milhões de trabalhadores em plataformas digitais. Ele ressalta que, sem ações concretas, milhões continuarão a trabalhar em situações inseguras, sem direitos e sem voz.
O Ministério Público do Trabalho (MPT) no Brasil também está atento a essa problemática e já começou a receber denúncias sobre descumprimentos de leis trabalhistas. De acordo com o procurador Rodrigo Castilho, o MPT reconhece a "precarização grande" do trabalho remoto nas plataformas digitais, chamando a atenção para a urgência de adequações nas leis laborais para incluir todos os trabalhadores, e não apenas os motoristas de transporte privado.
Evidentemente, a precarização das condições de trabalho no setor digital é uma questão que requer a atenção de governos, pesquisadores e da sociedade como um todo, a fim de garantir um ambiente de trabalho mais justo e seguro para todos os envolvidos.
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Pesquisa revela condições precários do trabalho remoto no mundo
Fonte: Agencia Brasil.
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