A juíza Cristiania Lavínia explica que para participar é preciso ter iniciado o processo de ressocialização o e preencher requisitos.
A casa de acolhimento provisório em Viana está de cara nova. Girafas, macaquinhos, árvores e todo clima da floresta agora colorem o dia a dia de meninos e meninas que vivem sob proteção do estado. A reforma foi feita por reeducandos do sistema prisional atendidos pela Vara de Execuções Penais de Viana. Tintas, pinceis e cimento foram comprados com a verba obtida pelo projeto Trabalho Externo com Monitoramento Eletrônico.
Manoel, que está há 4 anos no sistema prisional, pode ver de perto como seu trabalho ajudou a transformar não apenas os quartos, a sala e o pátio, mas a vida de crianças e adolescentes.“Eu não sabia pra onde iria a minha doação. Fiquei muito feliz em saber que a nossa doação está sendo usada para ajudar crianças que estão precisando. Tô na empresa que tem ajudado a evoluir minha mente e dando mais valor ao dinheiro, à minha família, pra mim tá sendo muito bom.”
De acordo com a juíza da Vara de Execuções Penais de Viana, Cristiania Lavínia, para participar do Projeto Trabalho Externo com Monitoramento Eletrônico, o reeducando tem que ter iniciado o processo de ressocialização o e preencher vários requisitos:
“Normalmente é o preso que já passou pelo regime fechado e está no semiaberto. Ele tem que ter o cumprimento de 1/6 da pena, ter boa conduta, não pode estar respondendo a nenhum PAD ou processo criminal. Não é uma prisão domiciliar. É trabalho externo. O valor da tornozeleira tem que ser revertido em materiais para reforma de instituições e até para a reforma da própria unidade”.
E quem também botou a mão na massa foram os internos do projeto Remição gera Remissão. São aqueles que ainda estão na unidade prisional, não conseguiram trabalho externo. Doam mão de obra e em troca, recebem remição em dobro. Para cada 3 dias trabalhados, 2 dias de remição. Para o Francian, artista que criou todos os desenhos, a oportunidade abriu um leque de sensações:
“É uma experiência que faz a gente, ter um olhar que normalmente não temos lá dentro. De nos colocar no lugar do outro. É importante porque é uma troca. Troca de experiência com crianças, com os diretores dos presídios. Eles conseguem ver nosso ponto de vista. Nós conseguimos ver outros pontos de vista. É edificante pra gente e pro próprio abrigo. Uma forma de se reconciliar com a sociedade”.
Para a diretora da Penitenciária, Leizielle Marçal, essa é uma oportunidade de colocarem em prática tudo que aprendem nos cursos de qualificação. “E traz bastante satisfação de estarem devolvendo algo para a sociedade. Então essa questão do altruísmo, de aproximação é muito importante”.
As crianças também foram presenteadas com Mochilinhas, carrinhos e bonecas de crochê feitas pelos internos da penitenciária de segurança. Tudo feito com materiais comprados com o valor das tornozeleiras.
O interno Márcio espera que a sociedade possa olhar para os reeducandos com outros olhos. “Eu peço uma mudança de consciência da sociedade hoje. Estamos evoluindo. Que a sociedade possa reconhecer que as pessoas estão mudando dentro dos presídios. É gratificante ajudar as pessoas de coração aberto”.
Veja como foi a entrega da reforma.
Vitória, 13 de fevereiro 2023
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Texto: Tais Valle | tspenedo@tjes.jus.br
Maira Ferreira
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Fonte: Tribunal de Justiça do Espírito Santo – TJES.