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Tião do Quiosque da Loira morre neste domingo depois de lutar contra um câncer | Jornal Espírito Santo Notícias

O Quiosque da Loira em Piúma perdeu hoje a sua segunda referência, o proprietário Tião, morreu de câncer depois de lutar bravamente por 3 anos – fotos divulgação e arquivo pessoal

Tião morreu às 2h00 deste domingo na UTI em Cachoeiro

O quiosqueiro Sebastião Carvalho, 53 anos, faleceu na madrugada deste domingo, 28 na Unidade de Terapia Intensiva – UTI da Santa Casa de Misericórdia em Cachoeiro de Itapemirim, depois de passar dias internados tratando de câncer. Tião do Quiosque da Loira descobriu a doença em 2019 e não parou mais de tratar e sofrer.

A doença foi debilitando Tião que passou por algumas cirurgias, fez quimioterapias, mas não resistiu mais e morreu às 2h00.  Mesmo que a jornalista passasse sempre em busca de informações sobre o estado de saúde do quiosqueiro, a informação era que ele estava se tratando. Neste domingo, o Quiosque estampou um pequeno cartaz, luto. Fechou com a notícia da morte do dono e para o sepultamento no Cemitério da localidade de Jacarandá, às 10 horas, em Marataízes.

Tião já foi servidor público comissionado e policial civil em Cachoeiro, e era apaixonado por Piúma

São duas versões para a história do Quiosque da Loira que já foi point seguidas temporadas em Piúma. Point da tribo LBGTQI+, point dos amantes da música sertaneja e do forró em outras épocas, point da galera do axé, que após a passagem do trio elétrico era para lá que ia fazer pegação, point de todos que amavam tirar fotos no Quiosque, beber uma cerveja gelada, comer uma peroá, ou simplesmente, esperar o pôr do sol por lá.   

Há quem diga que Quiosque de número 20, da Loira era de Helena, a tão famosa Loira. Que Tião, o Sebastião Carvalho veio de Cachoeiro de Itapemirim em 1986 e se juntou a Loira, a mulher que deu nome ao Quiosque, na orla da Praia de Piúma.

O próprio Tião contou ao jornal, entretanto, na época que completou 30 anos o quiosque, que antes de abrir a barraquinha de madeira do lado da praia tinha um comércio do lado contrário.  Inicialmente as barraquinhas eram montadas e desmontadas a cada final de temporada. Ele e a Loira montaram juntos o Quiosque que completou 35 anos no dia 16 de janeiro, data que Tião queria muito fazer uma homenagem especial, chegou a fazer contato com o jornal, mas infelizmente ele não conseguiu comemorar as três décadas e meia de sucesso do empreendimento que, por pouco não foi derrubado pela erosão na Praia.

O Quiosque completou 35 anos em janeiro na orla

Madeirite

Valtinho Potrazt foi prefeito na época em que os quiosques foram construídos na década de 90. Ele contou à Reportagem que haviam apenas 37 barracas de madeirite e que a Loira era uma dessas. Pela beleza da mulher e os cabelos loiros dela, o quiosque chamava atenção de muitos que gostavam de ir ao local fretar com ela. “Tinha o Quiosque da Loira. Ela tinha uma filha loira também, inclusive ganhou esta fama, porque esta loira era bonita, ‘cavalona’, o pessoal parava lá para flertar com ela. Depois Tião se juntou a ela”. A Loira já faleceu há alguns anos”, contou Valtinho.

Em 2016, o jornal fez um registro do aniversário do Quiosque de 30 anos e falou com Tião. Ele contou que o Quiosque da Loira se tornou point na orla da praia pela recepção à diversidade que se hospedava lá, de verão a verão, atendendo com todo carinho e respeito a todas as tribos. O público LGBTQI+ acabou adotando o quiosque como ponto de encontro e lá ficava bem à vontade nas últimas duas décadas. A música ao vivo também chamava o público ao quiosque diariamente na alta temporada. E uma multidão parava por lá esperando o trio elétrico passar.

O Quiosque já foi point da praia em Piúma

Sem preconceito algum, o Quiosque reunia uma multidão. Nos finais de semana, após a passagem do trio elétrico, na época da badalação, era para lá que seguia a galera que não tinha hora para voltar para casa.

Há 35 anos era uma simples barraquinha de madeira que montava apenas no verão nos tempos idos de 1986, época em que nem energia elétrica tinha no local. Tião contou ao jornal em 2016 que ele e Rudinei foram os pioneiros, eles montavam e desmontavam e só funcionava só na alta temporada. Naquele ponto, no meio da orla se solidificou o Quiosque da Loira. “São muitas lembranças boas. Eu vim de Cachoeiro para cá em 1986 e abri um bar do lado oposto, e depois montei uma barraquinha de madeira. Era uma época que Piúma tinha poucas opções. O Restaurante D’ Angelis, o Corujão e nós ali no meio da orla. Muitas saudades. É claro que para o Quiosque existir, tive uma grande parceira, que foi a Loira, companheira que tive por mais de 20 anos”. (Depoimento de Tião em 2016 quando o Quiosque fez 30 anos).

Dias de muito dinheiro e dias de muitas dificuldades

Tião contara ao jornal que havia ganhado muito dinheiro e perdeu, levou alguns calotes com cheques sem fundo de pessoas das várias partes do país, mas não desistiu. Teve um verão que vendeu mais de 1800 caixas de cerveja e no fim das contas, os cheques voltaram, foi então que teve de negociar com o dono da distribuidora Brahma.

Rosana, ex-esposa de Tião também esteve durante muitos anos ao lado dele e o ajudou muito nos momentos mais difíceis da vida dele, quando descobriu a doença. Houveram dias dela segurar as pontas sozinha, com corridas a médicos, exames, internações e tendo de tocar o quiosque. Rosana estava separada dele, mas conversavam com frequência. Chorando muito, por telefone Rosana repetiu várias vezes em mensagens de áudio. “Eu nunca vou esquecer dele, o amor da minha vida, amarei para sempre”.

Um dos primeiros

De acordo com o ex-prefeito de Piúma, Valter Luís Potratz, Tião foi um dos primeiros presidentes da Associação dos Quiosqueiros em Piúma. Uma associação forte que dialogava com a Prefeitura. Aliás, a construção dos novos quiosques na década de 90 teve o aval da Associação que participou do diálogo com a Prefeitura e acordou que seriam 37 quiosques. “Tião e Rudnei eram as referências, os líderes. Foram dois anos de diálogo sobre a construção dos novos quiosques. A Prefeitura ficou responsável para fazer o projeto e sorteou dois e doou. Os outros todos deveriam construir em 30 dias. Tinham que seguir rigorosamente o projeto aprovado pela Gerência de Patrimônio da União e Ibama. A prefeitura fez dois e exigiu que todos padronizassem e fizessem referência. Foi feito um sorteio no antigo forró do Joel e concedida cessão de uso para os 37 quiosques, depois construíram outros”, salientou Valtinho.

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Fonte: Espírito Santo Notícias

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