Para lembrar os 174 anos da Insurreição de São José do Queimado, o principal movimento contra a escravidão no Espírito Santo, a deputada Iriny Lopes (PT) promoveu sessão solene na Assembleia Legislativa, na noite de terça-feira (11). Trinta homenageados, entre pessoas e entidades, receberam a Medalha Chico Prego, nome do principal líder da chamada Revolta do Queimado, ocorrida em 19 de março de 1849, no município da Serra.
“Hoje vimos uma cena absurda e revoltante contra a luta do povo negro, com a postura de uma ex-jogadora de vôlei do Rio de Janeiro usando uma coleira de cachorro para agredir dois jovens negros que trabalhavam como entregadores de lanches. Hoje o Brasil luta diariamente contra uma abolição que nunca chegou. É sempre o povo negro o primeiro a ser atingido, sendo considerado um brasileiro de segunda categoria”, afirmou Iriny Lopes.
“O número de vítimas do feminicídio caiu no País, mas não entre as mulheres negras. O racismo nunca acabou e até o ex-presidente do Brasil (Jair Bolsonaro) disse que preferia ter um filho morto a vê-lo casado com uma mulher negra”, prosseguiu a parlamentar.
Álbum de fotos da sessão solene
A Medalha Chico Prego é concedida a personalidades e entidades da sociedade civil organizada que se destacam nas lutas contra a discriminação racial e em defesa das causas do povo negro.
A presidente do Conselho Estadual da Igualdade Racial, Fátima Tolentino da Silva, falou sobre a luta por dias melhores. “Celebrar em sessão solene a Insurreição de Queimados é fazer reviver os momentos de luta e lembrar que são os corpos negros os mais sacrificados nas políticas públicas. Queremos acesso às universidades, no trabalho e no lazer, pois inteligência nós temos e sabemos aonde queremos chegar na saúde e na educação. Queimado não é só da Serra, mas sim do Brasil, e não pode ficar abandonado”, afirmou.
Além de Fátima Tolentino, autoridades e representantes do movimento negro compuseram a mesa do evento: Elcimara Loureiro (vereadora do município de Serra); Eliane Mendeira Pedro Santos (Mãe Oyasse), Rafael Primo (subsecretário estadual de Direitos Humanos); Alvarito Mendes Filho (secretário municipal de Cultura de Cariacica); Madalena Maria Teles Correa, presidente do Fórum Chico Prego; e Galdene Santos (presidente do Conselho Estadual de Direitos Humanos).
A insurreição
Em 19 de março de 1849 ocorreu a Insurreição de São José do Queimado, na Serra, o principal movimento contra a escravidão no Espírito Santo. A revolta, liderada por Chico Prego, João da Viúva, Elisiário e outros, foi motivada por uma promessa de liberdade feita aos escravizados, mas não cumprida pelo frei Gregório de Bene: se construíssem a igreja, ao final da obra eles iriam receber a carta de alforria.
Centenas de pessoas participaram da rebelião, que acabou sendo reprimida pelas autoridades. Cinco líderes foram condenados à morte, incluindo Chico Prego, que foi capturado e enforcado em 11 de janeiro de 1850. No entanto, Elisiário conseguiu escapar da prisão e se refugiou nas matas do morro do Mestre Álvaro e nunca foi recapturado.
Homenageados
Movimento contra a escravidão no Espírito Santo foi lembrado na Ales com a entrega da Medalha Chico Prego a 30 homenageados
Solene marca os 174 anos da Insurreição do Queimado
Fonte: Assembleia Legislativa do ES.
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