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Rogério deixa um doutorado de ensinamentos, disse colega de trabalho do escrivão que morreu de Covid em Cachoeiro | Jornal Espírito Santo Notícias

Rogério deixa a Polícia Civil de luto e um legado de ensinamento que jamais será esquecido pelos colegas de profissão

É muito comum usar o eufemismo quando se deseja dar um tom mais leve a uma expressão pesada. “Ele foi para o andar de cima”. Na verdade, morreu. Ou também dizer que a pessoa que faleceu era um amor de pessoa, ou uma pessoa maravilhosa. Diz o ditado que todos que morrem acabam virando pessoas melhores.

No caso do escrivão da Polícia Civil, em Cachoeiro, Rogério Fraga Botelho, 61 anos, que morreu na manhã desta segunda-feira, 08, depois de 69 dias internado, mais uma vítima da Covid-19, ele realmente foi um ser humano diferenciado. A dedicação a família, o comprometimento ao trabalho e o respeito ao outro estavam sempre em primeiro plano durante toda a sua vida.

Rogério estava internado no Hospital Unimed desde o dia 01 de outubro. A doença se agravou e ele precisou ser transferido para a Unidade de Terapia Intensiva – UTI e não resistiu as complicações do novo coronavírus nesta manhã.

“Atuei como repórter policial na Folha do Espírito Santo por aproximadamente sete anos. E todos os dias ia ao Serviço Médico Legal – SML em busca de informações de vítimas de mortes violentas, todas as vezes que encontrava Rogério, ele sempre era por demais prestativo. Além da compreensão e respeito que tinha com o nosso trabalho passava com detalhes as informações que lhe eram solicitadas. Muitas das vezes até por telefone. Tempo que não volta mais. Um cara incrivelmente dedicado, educado, comprometido, responsável, sério e competente”. (relato da jornalista Luciana Maximo).

A colega de profissão Raquel Rosa, perita oficial criminal, hoje aposentada, está ainda sem acreditar nesta fatídica notícia. Ela disse que a morte de Rogério deixou toda a Polícia Civil de luto. Aliás, durante todo o período de internação do investigador, eram passadas notícias detalhadas ao grupo de amigos da PC, que esteve em oração o tempo todo. “Ele deixou um legado fora de sério, deixou um doutorado de ensinamentos, de vida”, disse Raquel.

Raquel contou que foi uma maratona que Rogério passou nestes últimos meses. A irmã dele sofreu uma queda e quebrou o fêmur e ele era quem levava dela na maioria das vezes, era muito dedicado. Vivia numa correria louca trocando plantões para cuidar da irmã. Talvez numa destas idas e vindas tenha pegado o novoconavírus, porque ele era por demais cuidadoso. Tão cuidadoso que até o teclado do computador que usava era envolto por um insulfilme para evitar contaminação. Mas ele se recusava a fazer uso de Cloroquina, ivermectina e outros, relutou muito para não ir para o hospital, foi somente quando os pulmões já estavam com mais de 40% tomados pela doença., salientou a colega de trabalho que atuou ao lado dele por mais de 15 anos.

Há cerca de uma semana um irmão de Rogério também morreu vítima da Covid-19. A irmã contraiu o vírus, contudo, se recuperou.

Raquel lamenta que não pode ficar mais perto de Rogério nestes dias tão difíceis, uma vez que a irmã foi atropelada no Rio de Janeiro e ela ficou de acompanhante até a morte, há 15 dias no Miguel Couto.   

Rogério atuava no Serviço Médico Legal de Cachoeiro de Itapemirim há 25 anos.  Embora fosse escrivão entendia muito de medicina legal e ajudava muito aos médicos legistas. “Ele tinha uma vida lá dentro. Uma vida dedicada ao trabalho. Logo que começou a pandemia eu decidi buscar minha aposentadoria e falei com ele, vamos nos aposentar, mas ele achava que devia trabalhar mais”.

Botelho era muito criterioso, final de ano, épocas de festa, lembrou Raquel, ele adorava fazer arroz com lentilhas cheio de algo. “Gente, ele fazia um panelão, onde vamos comer o arroz com lentilhas? Meu Deus. Ele era todo comedido”, frisou.

O escrivão deixa uma filha, e dois netos. Deixou excelentes lembranças. Que Deus o receba em teus braços e conforte a sua família.  

Nota de pesar da Polícia Civil do ES

É com pesar que a Polícia Civil do Espírito Santo (PCES) recebe a notícia do falecimento do escrivão Rogério Cecílio Fraga Botelho, de 61 anos. A PCES tem muito a agradecer a esse policial que, por mais de  28 anos, dedicou-se à instituição.

Rogerio ingressou na instituição como Investigador de Polícia em 1992, atuando nesta função até 1995, quando assumiu o cargo de Escrivão de Polícia.

Desempenhou suas funções em Cachoeiro do Itapemirim, onde trabalhou na 7ª Delegacia Regional e no Serviço Médico Legal da cidade.

Durante sua carreira fez amigos e recebeu elogios de suas chefias, em reconhecimento ao seu apoio e colaboração aos colegas de trabalho.

Também recebeu elogio da Câmara de Vereadores de Cachoeiro de Itapemirim, que homenageou os relevantes serviços prestados à população, dignificando assim o nome da instituição.

Manifestamos aqui nossa solidariedade aos amigos e colegas que ele fez na instituição bem como aos familiares, rogando a Deus que conforte o coração de todos neste momento.

Delegado-geral da Polícia Civil, José Darcy Arruda

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Fonte: Espírito Santo Notícias

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