Os trabalhos desenvolvidos pela Polícia Federal (PF) e pela Polícia Civil (PCES) no combate ao tráfico de drogas no Espírito Santo foram apresentados à Comissão de Política sobre Drogas, em reunião nesta segunda-feira (20).
O superintendente da Polícia Federal no estado, Eugênio Ricas, informou que, só no ano passado, a PF apreendeu 2,5 toneladas de cocaína no estado. A maior parte da droga tinha a Europa como destino. “O Espírito Santo entrou definitivamente na rota do tráfico internacional de cocaína”, apontou o delegado.
Eugênio Ricas também falou sobre as apreensões feitas pela força-tarefa da segurança, formada pela PF, Polícia Rodoviária Federal, Polícias Civil, Militar e Penal e pelas Guardas Municipais. A força-tarefa, formada em 2020, já recolheu 435 quilos de cocaína e 59 armas.
Ricas ressaltou que, além de realizar a apreensão, é necessário focar na “descapitalização” das organizações criminosas, com o bloqueio de contas e apreensão de patrimônio, além de investigar crimes financeiros, como a lavagem de dinheiro do tráfico.
O delegado informou, ainda, que a Polícia Federal não trabalha apenas com a repressão, mas também com a prevenção. No ano passado, 14 mil crianças participaram de atividades na Superintendência da PF voltadas para a conscientização sobre os malefícios das drogas, corrupção e abuso sexual. “Não somos ingênuos de pensar que uma palestra vai mudar a vida de uma criança, mas uma semente é plantada”, disse.
Modus operandi
O presidente do colegiado, deputado Denninho Silva (União), perguntou ao convidado sobre os principais desafios no combate ao tráfico. Ricas respondeu que um dos principais é o modus operandi (do latim, modo de operação) dos traficantes. As organizações criminosas usam mergulhadores para esconderem drogas dentro de grandes embarcações com destino internacional.
“A organização se vale de mergulhadores profissionais, que desparafusam a caixa de mar do navio e escondem a droga. Toda essa operação é feita à noite. É muito complexo”, explicou.
Denninho também questionou sobre as principais estratégias para combater o tráfico. O superintendente da PF respondeu que, em primeiro lugar, a prevenção. Em segundo lugar, o investimento em inteligência, tecnologia e cooperação.
Fentanil
Outro assunto que foi debatido durante a reunião foi a apreensão de fentanil no Espírito Santo. Foi a primeira vez que a droga, que já é a que mais mata nos Estados Unidos, foi apreendida no Brasil. O chefe do Departamento Especializado em Narcóticos (Denarc), delegadoTarcísio Otoni, informou que ela é 100 vezes mais forte que a morfina e 50 vezes mais que a heroína.
Denninho protocolou, nesta segunda-feira, projeto de lei (PL 220/2023) que proíbe a comercialização e a utilização do fentanil para fins ilícitos no estado. O deputado Coronel Weliton (PTB), membro efetivo da comissão, fez a leitura do projeto durante a reunião.
Homicídios
Tarcísio Otoni também apresentou dado referente à correlação entre o tráfico e o número de assassinatos no Espírito Santo. De acordo com o delegado, o tráfico de drogas é responsável por 80% dos homicídios no estado. As mortes estão ligadas a dívidas e disputas por território.
O presidente da comissão falou sobre a necessidade de investimento no Denarc para o combate ao tráfico e também para a prevenção de homicídios. A delegada Larissa Lacerda, 2ª titular do Denarc, também participou dos trabalhos.
Polícia Federal apreendeu mais de 2 toneladas de cocaína no último ano, no Espírito Santo, e força-tarefa da segurança recolheu outros 435 quilos desde 2020
Polícias falam sobre combate ao tráfico
Fonte: Assembleia Legislativa do ES.
Para mais informações sobre a Assembleia Legislativa do ES acesse o site da ALES
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