A Polícia Civil do Espírito Santo (PCES), por meio da Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Vila Velha, deflagrou, na última quarta-feira (21), a “Operação Mangalarga”. Na ação, foram cumpridos mandados de prisão temporária expedidos em desfavor de quatro suspeitos de envolvimento no homicídio do perito oficial aposentado Celso Marvila, de 64 anos, que, após a aposentadoria, passou a atuar como presidente do Jockey Clube de Itaparica.
Os detalhes do caso foram apresentados à imprensa durante entrevista coletiva realizada na tarde da última quarta-feira (21), na Chefatura da Polícia Civil, em Vitória. O crime ocorreu em 03 de agosto deste ano, no Jockey de Itaparica, em Vila Velha. O corpo de Celso Marvila ainda não foi encontrado.
Segundo as informações levantadas durante o inquérito policial, o crime foi motivado por desavenças entre o perito e alguns dos executores. Desde que se tornou presidente do Jockey Clube, o policial aposentado estava suspendendo títulos de inadimplentes e outros sócios, além de ter feito a venda de parte dos fundos do Jockey Clube por R$ 40 milhões. A parte da frente, que seria vendida por R$ 140 milhões, se encontrava em processo de venda.
Durante o cumprimento dos mandados, um cordão de ouro, avaliado em R$ 20 mil reais, foi encontrado na casa de um dos detidos. A joia foi feita com o anel de Marvila. Em setembro deste ano, outros dois acusados, incluindo o gerente do Jockey Clube de Itaparica, foram presos pela Polícia Civil por outros crimes. No total, seis suspeitos que têm ligação direta com o homicídio foram presos.
Segundo o titular da Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa de Vila Velha, delegado Tarik Souki, desde o início foi possível identificar que o crime não se tratava de um delito comum. “Essa investigação foi extremamente exaustiva. Logo no primeiro momento, nós da Polícia Civil, sabíamos que esse homicídio não se tratava de um crime comum, o que fez com que utilizássemos de todas as estratégias e recursos que temos para tentar desvendar o que havia acontecido”, afirmou o delegado.
Após a análise de, aproximadamente, 300 horas de videomonitoramento, 52 oitivas e análise de cinco terabytes de dados, a PCES conseguiu obter detalhes sobre a execução do perito. Foi constatado que o assassinato ocorreu entre as 17 horas e 18h30, período em que as câmeras de monitoramento do Jockey Clube e de outras localidades do município de Vila Velha registraram algumas movimentações, como o deslocamento do carro da vítima até uma estrada de chão no bairro Xuri, onde o veículo foi incendiado e abandonado.
Também foi constatado que cinco dos seis detidos estavam presentes na ação criminosa. Depois do homicídio, os suspeitos iniciaram o processo de criação de álibis.
Algumas das ações que mais chamaram atenção da Polícia Civil foi o deslocamento de um dos acusados para uma boate, onde permaneceu por apenas 30 minutos e depois saiu. Às 00h52, o acusado retornou à boate e, neste momento, nas imagens de videomonitoramento, é possível ver o carro de outro suspeito passando em frente ao estabelecimento comercial. O acusado permaneceu na boate até as 4 horas da manhã, indo para uma confraternização depois de passar as últimas horas tentando confeccionar um álibi.
Outros dois suspeitos afirmaram que estavam bebendo juntos no momento do crime. Das 4h às 5h da manhã, dois envolvidos no crime passaram alguns minutos no Jockey de Itaparica verificando vestígios e limpando o local, indo para outra localidade em seguida. A Polícia suspeita de que a dupla tenha ido ao local onde o corpo da vítima foi descartado.
Após a ação policial, os quatro acusados foram levados à DHPP de Vila Velha, passaram pelos procedimentos de praxe e foram encaminhados ao Sistema Prisional, onde ficarão à disposição da Justiça. Os suspeitos que já se encontravam em presídios por outros crimes agora também receberão mandados de prisão para que possam responder judicialmente pelo homicídio de Celso Marvila.
As investigações continuarão em andamento para que o corpo do perito seja encontrado.
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