PIÚMA: Vigilância Sanitária descarta 227 kg de carne que era para pacientes do Hospital, no lixo

O presidente da Câmara de Piúma criticou o descarte da carne no lixo e disse que protocolizou um pedido de sindicância no Hospital.

A Vigilância Municipal de Piúma descartou na manhã desta quinta-feira, 03, 227 kg de carne no caminhão do lixo. Carnes bovina, suína, frango e peixes, que eram para ser preparadas na alimentação dos pacientes do Hospital “Nossa Senhora da Conceição”.
O presidente da Câmara, José Carlos de Araújo, esteve no Hospital na hora do descarte, fez o vídeo e procurou a Reportagem do “Espírito Santo Notícias” para falar sobre o assunto. Em tempo, José Carlos protocolizou, na Casa de Leis, um pedido de Sindicância no Hospital para apurar todas as denúncias que ele tem feito.
Para melhor esclarecer os fatos, o jornal fez uma retrospectiva dos últimos acontecimentos.
No dia 14 de outubro, José Carlos gravou um vídeo e mostrou uma infestação de baratas na cozinha do Hospital.
No dia seguinte, a Prefeitura de Piúma interditou a cozinha da instituição e publicou um memorando proibindo os funcionários de fazerem as suas refeições no local. A partir desta data o preparo dos alimentos passou a ser feito em outro imóvel.
No dia 18, a Prefeitura realizou uma dedetização no Hospital, ocasião que os pacientes tiveram de ser removidos para o segundo piso.
No dia 20 de outubro, a Vigilância Estadual de Saúde esteve no Hospital para fazer uma fiscalização e nesta data lacrou três frízeres, pois, os mesmos estavam com as carnes armazenadas de forma irregular, ou seja, as proteínas estavam no mesmo compartimento, o que vai contra as recomendações da Anvisa.
Na data desta quinta-feira, 03, por recomendação da Vigilância Estadual de Saúde, foi feito o descarte de toda a carne que estava nos frízeres lacrados no dia 20.

Descarte no lixo

A empresa que faz a coleta de lixo na cidade informou que não há, em Piúma, coleta seletiva, por isso a carne recolhida no Hospital foi descartada como lixo orgânico, junto com todos os outros, papel, vidro e plástico.

Acondicionamentos

A Reportagem entrou em contato com a nutricionista Karina Coradelo para explicar melhor como deve ser realizado o acondicionamento de alimentos. Ela informou que todo estabelecimento, precisa de ter um RT (responsável técnico) registrado junto com conselho do CRN, pode ser o nutricionista ou não. E toda carne precisa ter o registro e a nota fiscal, além de rotulo alimentar e data de validade, se não tiver isso, cabe o descarte. “Se tiver essas informações, a orientação correta é a organização do freezer, não o descarte. Até porque, muitas vezes por espaço físico, não consegue separar as carnes de maneira ideal, que seria a separação física, mas isso não é impedimento para uma organização setorizada”, explicou a nutricionista.
No caso do hospital, as carnes estavam embaladas nos frízeres, porém, algumas estavam no mesmo compartimento.

Carne congelada é uma coisa, sem identificação é outra

Em contato com uma engenheira de alimentos que pediu para não ser identificada por não ter acompanhado a fiscalização da Vigilância Sanitária, ela disse que o correto seria no ato da inspeção da Vigilância recolher as carnes que estivessem fracionadas e as que estivessem sem data de validade e sem rótulos, pois assim, a procedência seria duvidosa, mas se há nota de compra, rótulos e a carne estava congelada, ainda que, estivesse em um mesmo compartimento, o risco de contaminação seria ínfimo. Em tempo assegurou que carne sem identificação é uma coisa, carne congelada é outra coisa. E citou o exemplo dos supermercados que, às vezes acondicionam carnes no mesmo compartimento, ou na mesma ilha, separada apenas por pequenas grades de plásticos.
A engenheira de alimentos solicitou que a reportagem envie o vídeo ao Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal – Idaf e solicite uma investigação sobre o fato, uma vez que, para ela, a carne não deveria ser toda descartada, exceto se fosse feita uma análise microbiológica minuciosa, nos pacotes congelados, o que não houve, já que os pacotes estavam embalados e com rótulos. A reportagem vai solicitar a nota fiscal de compra das carnes que foram descartadas.
O vídeo feito pelo vereador mostra as carnes completamente congeladas, sendo jogadas no caminhão do lixo.