A Petrobras pretende investir US$ 78 bilhões nos próximos 5 anos, segundo o plano estratégico da estatal para o período de 2023 a 2027, divulgado nesta 4ª feira (30.nov.2022). A quantia está 15% acima da média dos planos anteriores.
Além dos US$ 78 bilhões, outros US$ 20 bilhões serão empreendidos na contratação de navios-plataforma para produção de petróleo e gás natural. Segundo a Petrobras, isso representa a retomada do nível de investimentos pré-covid.
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O plano estratégico da Petrobras mantém o foco no setor de exploração e produção de petróleo e gás natural, onde serão alocados 83% do total de investimentos no período, ou US$ 64 bilhões.
A Petrobras pretende alcançar a produção de 3,1 bilhões de barris por dia até 2027, com a entrada em operação de 18 novos navios-plataforma, dos quais 5 devem começar a produzir até 2023.
Só o campo de Búzios, no litoral do Rio de Janeiro e São Paulo, receberá US$ 23 bilhões, visando ao aumento da produção, que deve triplicar no período. A Bacia de Campos, que se estende do Rio de Janeiro ao Espírito Santo, receberá US$ 18 bilhões para projetos de revitalização de campos maduros –que produzem há mais tempo.
Já a Margem Equatorial, na costa do Amapá ao Rio Grande do Norte, deve receber aproximadamente US$ 3 bilhões em investimentos. Como mostrou o Poder360, a Petrobras quer iniciar a exploração dessa nova fronteira ainda em 2022.
A Petrobras também pretende ampliar a infraestrutura de escoamento de gás natural. Vai inaugurar 3 novas rotas até 2027, somando mais de 50 milhões de metro cúbicos por dia de capacidade de oferta. São:
- Rota 3: escoará o gás do pré-sal à UPGN de Itaboraí (localizada no antigo Comperj). O projeto estava previsto para 2022 e foi adiado novamente depois de rescisão contratual com a construtora Keruí-Método. Terá capacidade de processamento de 21 milhões de m3/dia;
- Sergipe Águas Profundas (Seap): na costa de Sergipe, com outros 18 milhões de m3/dia;
- Bloco BM-C-33, também conhecido como Pão de Açúcar: o gasoduto no Norte Fluminense vai escoar a produção do ativo e terá capacidade de 16 milhões de m3/dia. O bloco é operado pela Equinor, em parceria com a Petrobras e a Repsol Sinopec.
Refino e gás natural
Os investimentos em refino e gás natural serão ampliados em cerca de 30% na comparação com o plano anterior, para o período de 2022 a 2026. Essa área receberá US$ 9,2 bilhões nos próximos 5 anos.
Cerca de 50% desse montante será usado no “aumento da qualidade e eficiência do refino”, afirma a Petrobras. Será aplicado no aumento da capacidade de produção do diesel S-10 –mais usado no Brasil e com menor teor de enxofre– e no biorrefino.
Serão 8 novas unidades de processamento e 6 obras de adequação em unidades existentes. De acordo com a Petrobras, a conclusão desses projetos deve ampliar a capacidade de processamento em 154.000 barris por dia. A capacidade de produção de diesel S-10 também deve aumentar para 300.000 barris por dia.
A estatal também pretende investir US$ 600 milhões na construção de uma planta para produção de bioquerosene de aviação e diesel renovável na RPBC (Refinaria Presidente Bernardes), em Cubatão (SP). A capacidade prevista de produção é de 6.000 por dia de bioquerosene, 6.000 barris por dia de diesel R100 (100% de conteúdo renovável) e 3.000 barris por dia de outros produtos de base renovável.
Na última 6ª feira (25.nov), a Petrobras sofreu um revés ao tentar viabilizar o seu diesel renovável como biodiesel. O presidente Jair Bolsonaro (PL) vetou o artigo que permitia a utilização do combustível da Petrobras para o cumprimento da adição obrigatória de biodiesel ao diesel fóssil.
Em 2021, a ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) publicou uma resolução que regulamentou o diesel verde no país, mas não incluiu a rota de obtenção do diesel RX da Petrobras. A estatal pleiteava que o chamado diesel RX (o “X” é o percentual de conteúdo renovável na composição) fosse considerado biocombustível.
Projetos de transição energética
A Petrobras reservou US$ 4,4 bilhões nos próximos 5 anos para os projetos de transição energética. Do total, US$ 3,7 bilhões vão para “projetos que contribuem para as iniciativas de descarbonização das operações“. Outros US$ 600 milhões são os investimentos em biorrefinarias e US$ 100 milhões em pesquisa e desenvolvimento.
No segmento de descarbonização, devem receber US$ 3,1 bilhões projetos de:
- captura, utilização e armazenamento de carbono (CCUS, na sigla em inglês);
- sistemas de detecção de metano;
- eletrificação de plataformas de produção de petróleo e gás;
- sistema de recuperação de gases, incluindo flare (queima de gás) fechado;
- eficiência energética e projetos de redução de emissões em refinarias.
Em nota, a Petrobras afirmou que identificou 3 novos negócios: hidrogênio, eólica offshore e captura de carbono. A estatal disse que definiu, “depois de estudar diversas rotas de oportunidades em diversificação rentável, que serão aprofundados estudos e avaliadas oportunidades em projetos“.
A participação da Petrobras no segmento de energias renováveis é defendida pelo senador Jean Paul Prates (PT-RN), que faz parte do grupo técnico de Minas e Energia do governo de transição. Prates é também cotado para presidir a estatal.
Petrobras vai investir US$ 78 bilhões nos próximos 5 anos
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