Palestra de abertura da V Jornada de Integração foi proferida pela professora Eliade Ferreira de Lima, da Unipampa.
A integração de Ensino, Pesquisa e Extensão como uma forma de a academia se relacionar e fazer a diferença para a sociedade. Essa foi a mensagem da professora Eliade Ferreira de Lima, do curso de Ciências da Natureza da Unipampa, que proferiu a palestra de abertura da V Jornada de Integração. Ela abordou o tema “Indissociabilidade Ensino-Pesquisa-Extensão: Sonho ou Possibilidade?”.
Eliade é pós-doutora em Astrofísica e divulgadora científica que atua no apoio à entrada e permanência de meninas nas áreas da ciência, tecnologia, engenharias e matemática, e no combate ao assédio sexual no ambiente acadêmico. No início de sua fala, a professora relembrou sua trajetória: sempre demonstrando curiosidade e inclinação para as ciências, Eliade conta que descobriu a Física aos 14 anos, e decidiu pela licenciatura na área. Tornou-se professora e chegou a dar aulas para a própria mãe, que era trabalhadora doméstica e tornou-se agente comunitária de saúde.
Graduada, mudou-se em busca de fazer um mestrado – que teve de ser interrompido após ela ter sofrido assédio por parte de um professor. Eliade mudou-se então para São Paulo, onde concluiu seu mestrado e, posteriormente, foi para o Rio Grande do Sul, onde fez o Doutorado em Ciências. Com sua experiência e sua origem humilde, reafirmou o papel transformador da educação e a necessidade de as universidades e institutos se aproximarem das comunidades onde estão inseridas.
“O local que recebe uma universidade ou instituto é totalmente modificado, tanto nas questões sociais quanto culturais. É importante produzir não apenas a pesquisa de bancada de laboratório. É necessário levantar um pouco os nossos olhos para levar essa ciência para fora dos muros da academia”, apontou. Para ela, a Extensão vem para ser o elo entre a universidade e a sociedade e para que o Ensino possa sair de uma formação pura e simples da força de trabalho, reforçando a criticidade e o pensar sobre a realidade. “A Extensão permite o intercâmbio de conhecimento a partir do conhecimento popular e incentivando o pensar crítico.”
Ela destacou o papel das instituições e dos professores para transitar para uma realidade cada vez mais integrada. “A gestão deve se encarregar de fazer com que essas coisas caminhem juntas, lançando editais para isso, projetos de pesquisa que englobem esses aspectos, para que a partir da Extensão possa-se fazer pesquisa, por exemplo”, explicou, indicando que é necessário o aprofundamento dos valores humanos na produção do saber e da cultura.
Já o professor “não precisa fazer tudo ao mesmo tempo”, diz a pesquisadora. Segundo Eliade, ele precisa transitar, estar aberto a colaborar e a tentar traduzir para a linguagem local aquilo que é produzido. “A extensão tem que ficar dentro das instituições como etapa inerente à produção e disseminação do conhecimento.”
Negacionismo
A professora alertou sobre o negacionismo em relação ao conhecimento científico, que “acontece porque acreditamos muito que somos detentores do conhecimento e que isso basta”. “É como se eu fosse pra uma tribo indígena e falasse sobre astrofísica e não quisesse ouvir o que aquelas estrelas representam pra eles. Por que eu não posso ouvi-los e, a partir daí, produzir conhecimento também?”, questionou. “Precisamos ouvir pra aprender a falar e ser ouvido.”
Abertura
Antes da fala da professora Eliade Ferreira de Lima, a V Jornada de Integração contou com a formação de uma mesa de abertura que teve a presença do reitor do Ifes, Jadir Pela; dos pró-reitores Adriana Pionttkovsky Barcellos (Ensino), Renato Tannure (Extensão) e André Romero (Pesquisa e Pós-Graduação); do diretor de Pesquisa do Ifes e presidente da comissão organizadora da jornada, Sávio Berilli; do diretor de Pós-Graduação do Ifes e presidente da comissão organizadora do Simpósio, Pedro Leite; e do professor e presidente da comissão organizadora da Fecinc, Thiago Maduro.
Sávio afirmou que a Jornada é hoje o maior evento institucional que o Ifes produz anualmente e lembrou que, até sexta-feira, serão apresentados 493 trabalhos da Pesquisa, 139 do Ensino e 47 da Extensão. Ele fez agradecimentos a todos os organizadores e parceiros do evento, além do público.
O reitor, Jadir Pela, reforçou a importância da integração e apontou que a jornada tem trazido importantes resultados para o Ifes, e que deve ser fortalecida nos próximos anos. Ele destacou que o evento é um momento de muita alegria para a instituição.
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