O Senado Federal comemora 200 anos nesta segunda-feira, dia 25, revelando uma realidade marcada pela predominância de parlamentares homens e herdeiros políticos. De acordo com um estudo realizado pelo cientista político Robson Carvalho, cerca de dois terços dos senadores eleitos desde a redemocratização até a última eleição têm laços familiares com políticos já eleitos.
**Herança Política no Senado Federal**
Dos 407 mandatos disputados nesse período, 67% foram ocupados por pessoas com vínculos familiares com políticos já eleitos. Isso significa que os senadores muitas vezes herdam o capital político da família e se elegem apoiados pelo sobrenome. Surpreendentemente, 89% dos eleitos são homens, enquanto apenas 11% são mulheres. E, mais chocante ainda, apenas quatro mulheres negras foram eleitas para o Senado entre 1986 e 2022.
De acordo com Carvalho, essa realidade reflete a reprodução das desigualdades políticas e prejudica o recrutamento institucional, a igualdade de disputa e a representação de gênero e raça. O Senado acaba sendo ocupado por famílias poderosas, que transmitiram o poder por hereditariedade, sem representar de forma efetiva a diversidade da sociedade brasileira.
**Representatividade Comprometida**
A pesquisa demonstra que, em todos os estados e regiões do Brasil, a herança política é uma realidade. Em estados como São Paulo e Rio de Janeiro, a maioria dos senadores eleitos possui vínculos político-familiares. Isso gera uma vantagem para aqueles que nascem em famílias com capital político, prejudicando a representatividade democrática.
No que diz respeito ao gênero, o Senado é majoritariamente dominado por homens, representando 89% dos mandatos disputados entre 1986 e 2022. Estados como Amapá e Piauí nunca elegeram uma senadora, evidenciando a falta de representatividade feminina em determinadas regiões do país. A presença de mulheres no Senado foi mais significativa no Nordeste, seguido das regiões Norte e Centro-Oeste.
**Conclusão**
O fenômeno do familismo político está presente em todos os espectros políticos, comprometendo a representatividade e a diversidade no Senado Federal. A perpetuação do poder por meio da herança política limita o acesso de grupos sociais diversos à política institucional, enfraquecendo a democracia brasileira. É fundamental repensar essa estrutura e promover uma maior igualdade de oportunidades para que a representação política seja mais fiel à sociedade que representa.