O empresário e blogueiro Paulo Renato de Oliveira Figueiredo Filho, neto do último presidente militar após o golpe de 1964, é um dos alvos da operação Hora da Verdade deflagrada pela Polícia Federal (PF) ontem. Segundo a PF, Figueiredo Filho foi citado por ter atuado em suposta operação de “propagação de desinformação golpista e antidemocrática”.
Junto com o general Braga Netto e outros militares, Paulo Renato de Oliveira Figueiredo Filho fazia parte de um núcleo responsável por incitar militares a aderirem a um golpe de Estado, de acordo com relatório do Supremo Tribunal Federal (STF). As investigações apontam que a organização se dividiu em seis núcleos de atuação na tentativa de golpe.
Diálogos entre Mauro Cid e Figueiredo Neto, obtidos pela PF, revelaram que Correa Neto sabia horas antes o nome exato dos comandantes militares que seriam expostos pelo empresário em programas de rádio e televisão. O que demonstra, ainda segundo a PF, a existência de ação coordenada para expor e pressionar os militares que não aceitassem aderir aos planos golpistas.
O ministro Alexandre de Moraes, do STF, detalhou que o grupo escolhia “alvos para amplificação de ataques pessoais contra militares em posição de comando que resistiam às investigadas golpistas. Os ataques eram realizados a partir da difusão em múltiplos canais e através de influenciadores em posição de autoridade perante a ‘audiência’ militar”.
Figueiredo Neto, teria agido no contexto de propagação de desinformação golpista e antidemocrática, de acordo com a PF e o STF. É importante lembrar que o general e ex-presidente João Batista Figueiredo, antes de se tornar presidente da República, agia nos bastidores da ditadura e chegou a comandar o Serviço Nacional de Informações (SNI), órgão responsável pelo monitoramento de atividades de cidadãos dentro e fora do território nacional.
Segundo as investigações, o coronel do Exército Bernardo Romão Correia Neto teve participação ativa na organização de uma reunião em Brasília com a presença de oficiais com formação em forças especiais. Os diálogos encontrados no celular de Mauro Cid demonstram que Correa Neto intermediou o convite para reunião e selecionou apenas os militares formados no curso de Forças Especiais, “o que demonstra planejamento minucioso para utilizar, contra o próprio Estado brasileiro, as técnicas militares para consumação do golpe de Estado”.
A decisão de Alexandre de Moraes destaca ainda a existência de um documento que serviria como suposto manifesto de oficiais superiores do Exército com “clara ameaça de atuação armada”. Tal documento foi disponibilizado a Paulo Renato de Oliveira Figueiredo, que o publicizou em post no Twitter e no programa Pânico da emissora Jovem Pan.
A PF solicitou a prisão preventiva de Figueiredo Filho, mas a determinação do ministro Alexandre de Moraes de ontem apenas o proíbe de manter contato com os demais 32 investigados pela PF no esquema de preparação do golpe de Estado.
Não é a primeira vez que Figueiredo Neto se vê envolvido em problemas com a Polícia Federal. Em 2019, ele foi preso nos Estados Unidos, suspeito de integrar um suposto esquema de pagamento de propinas a dirigentes do BRB, banco controlado pelo governo do Distrito Federal, em troca de recursos para a construção de um hotel. Seu nome também consta em processos em vários tribunais.
Em 2021, o neto do ex-presidente general Figueiredo foi afastado da programação da rádio Jovem Pan e em janeiro do ano passado acabou demitido, quando já era investigado pelo Ministério Público Federal por suposta disseminação de desinformação na emissora.
A Agência Brasil procurou Figueiredo Neto e aguarda posicionamento da defesa.
Esperamos que as medidas necessárias sejam tomadas para esclarecer e punir os envolvidos, garantindo a integridade da democracia e a segurança do país.