
O ministro da Saúde, Nelson Teich, disse nessa quarta-feira (29), em audiência pública virtual no Senado Federal, que não descarta uma “segunda onda” da Covid-19 e que “ninguém sabe quando será o pico da pandemia”. A afirmação foi feita após questionamentos da senadora Rose de Freitas (PODE-ES), autora do convite para a reunião remota.
Por ser responsável pelo requerimento, Rose foi a primeira entre os parlamentares a ter a palavra. A senadora questionou – além da possibilidade de um “segundo turno” da doença – a respeito da posição do ministro acerca do isolamento social e das medidas concretas para superar a crise.
Indagou ainda se o alinhamento de Teich com Bolsonaro significa salvar a economia, antes do ser humano. E mais: mostrou-se preocupada com a estratégia do Governo no combate à pandemia nas periferias.
Durante a elaboração das perguntas, a parlamentar lamentou as mais de cinco mil mortes no País e disse estar perplexa por isso ser tratado “como se fosse nada”. “Evidente que nós não vamos precisar de um Messias. Mas de alguém capaz de elucidar o momento e nos mostrar o caminho”, afirmou.
Segunda onda e pico :
Ao ser questionado por Rose sobre o assunto, Teich lembrou as três fases da gripe espanhola e disse que “a gente não tem como saber”, mas que “ela é real” (uma segunda onda da Covid). Já sobre o pico da crise, ele foi enfático: “Não sei e ninguém sabe. Não sou eu que não sei: ninguém sabe. As datas que a gente projeta hoje são simplesmente suposições em cima de modelos”.
O ministro ressaltou que a falta de informação dificulta identificar a realidade dos casos de pessoas acometidas pela doença no país.
“Quando eu falo que falta informação é porque a gente não sabe qual o percentual da sociedade está comprometido pela doença, pois há os assintomáticos. O grosso das pessoas não tem sintomas ou tem sintomas leves e essas pessoas estão no dia a dia. Os testes que a gente faz não permitem hoje a gente saber essa realidade. Sem esse conhecimento, você está navegando às cegas”, apontou.
Fique em casa :
Rose pediu ao ministro clareza sobre “sua posição em relação ao ´fique em casa´. A senadora deu exemplos de estados, incluindo o Espírito Santo, onde a população está confusa. “O povo está perdido nesse duelo, tendo em vista que o próprio presidente da República conspirou fisicamente e intelectualmente contra todas as medidas que foram adotadas pelo ministro anterior. Quais são as medidas concretas que o senhor pretende implantar para superarmos este momento?”
Teich disse considerar o tema complexo e sugeriu ser favorável ao isolamento vertical, de modo que apenas pessoas do grupo de risco – idosos, diabéticos, mulheres grávidas – fiquem em casa.
“Você tem de separar isso por segmentos da população: há pessoas que fazem atividades críticas que não vão poder ficar em casa. O ideal é que a gente tenha os testes: quem é positivo vai ficar [em casa], quem for mais velho vai ficar [em casa], se você tem pessoas que tiveram contato [com contaminados], elas vão ficar [em casa]… você vai depender da curva [de casos] que existe em cada região”, defendeu.
FONTE:folhadoes.com