O dólar voltou do feriado de Carnaval em forte alta e fechou a quarta-feira (26) com novo recorde histórico, em meio à rápida disseminação do coronavírus, com casos já registrados em diversos países, incluindo no Brasil.
O Banco Central injetou US$ 500 milhões em swap cambiais (venda de dólares no mercado futuro) em leilão anunciado antes da abertura do mercado e prometeu mais US$ 1 bilhão para a quinta.
Entretanto, a ação não impediu o real de apresentar o pior desempenho em uma cesta de 34 moedas internacionais nesta quarta, embora operadores tenham ressaltado que se não fosse a estratégia do BC, a valorização da moeda americana poderia ter sido ainda mais forte. O dólar encerrou o dia em alta de 1,11%, a R$ 4,4413.
Profissionais do mercado de câmbio destacam que o movimento nesta quarta do câmbio foi um ajuste em relação aos dias que o mercado ficou fechado aqui e o dólar subiu no exterior. O dólar teve novo dia de alta lá fora, com investidores buscando proteção na moeda americana.
Com a tensão externa, o cenário político doméstico ficou em segundo plano, mas foi monitorado de perto pelas mesas de operação. O temor é que o convite de Jair Bolsonaro, enviado para amigos no Whatsapp, para uma manifestação contra o Congresso no dia 15 de março, atrapalhe o avanço das reformas.
“É o impacto global do coronavírus, o mercado mundial está reprecificando o risco”, afirma o presidente da BGC Liquidez, Ermínio Lucci. Ele observa que o avanço do coronavírus para fora da China pegou os mercados em níveis recordes, o que desencadeou um movimento forte de ajuste com a visão de que o crescimento mundial vai inevitavelmente ser afetado.
Por isso, a expectativa agora é ver como os governos, especialmente na Ásia e Europa, vão reagir, lançando mão de políticas fiscais e monetárias. Nos EUA, o mercado já vem precificando ao menos dois cortes de juros este ano. Já a Alemanha deve adotar medidas fiscais.
No Brasil, fontes disseram que o crescimento deste ano deve ser revisado para baixo. A previsão oficial é de expansão de 2,4%. Na avaliação do economista-chefe em Nova York para América Latina do grupo financeiro ING, Gustavo Rangel, a dúvida é quanto tempo a epidemia do coronavírus vai durar, mas por enquanto a expectativa é de piora e de impacto negativo no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro.
Com menor crescimento, a chance de o real ficar ainda mais depreciado nos próximos meses aumentam significativamente, afirma ele, destacando que ainda não revisou sua projeção para o câmbio, porque os efeitos ainda não estão claros.
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