Até os militares do Palácio que apoiavam a permanência de Mandetta no governo acharam demais.
A entrevista dada ontem ao programa Fantástico pelo ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, tocou numa corda sensível demais para os generais: a hierarquia. “Mandetta não poderia ter desafiado o presidente em público”, disse um militar com assento no Planalto.
Além disso, observou o assessor, “não era isso o que havia sido combinado na semana passada”.
Seis dias atrás, Mandetta chegou a limpar suas gavetas no ministério. Bolsonaro havia resolvido demiti-lo. Demoveram o presidente da decisão o ministro chefe da Casa Civil, general Braga Netto, e o ministro da Secretaria de Governo, general Ramos.
O argumento dos generais era de que seria possível achar “denominadores comuns” entre as posições do presidente e do ministro.
A entrevista de ontem deixou claro: não há nada em comum entre Bolsonaro e Mandetta.
Thaís Oyama – Colunista da UOL
Thaís Oyama é comentarista política da rádio Jovem Pan. Foi repórter, editora e redatora-chefe da revista VEJA, com passagens pela sucursal de Brasília da TV Globo, pelos jornais Folha de S. Paulo e O Estado de S Paulo, entre outros veículos. É autora de “Tormenta – O governo Bolsonaro: crises, intrigas e segredos” (Companhia das Letras, 2020) e de “A arte de entrevistar bem” (Contexto, 2008).
Colunista do UOL