O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tomou uma decisão importante ao remover o embaixador Frederico Meyer de Israel. Meyer, que ocupava o mais alto cargo da representação brasileira em Tel Aviv, foi transferido para o cargo de representante do Brasil na Conferência do Desarmamento, em Genebra, um órgão da Organização das Nações Unidas (ONU).
A nomeação de Meyer para a missão permanente do Brasil na ONU foi publicada no Diário Oficial desta quarta-feira (29). Surpreendentemente, ninguém foi indicado para ocupar a embaixada em Tel Aviv, o que foi interpretado por especialistas em relações internacionais como um gesto político.
Especialistas acreditam que a remoção de Meyer e a não substituição imediata por outro embaixador em Israel foi uma decisão política que reflete a insatisfação do governo brasileiro com as políticas do governo israelense. O pesquisador Bruno Fabricio Alcebino da Silva, do Observatório de Política Externa Brasileira, ressaltou que essa mudança envia uma mensagem clara sobre o posicionamento do Brasil em relação a Israel.
O presidente Lula tem sido crítico das ações de Israel na Faixa de Gaza, chegando a classificar as ações como um genocídio contra o povo palestino. Em um evento em Guarulhos (SP), Lula pediu solidariedade às vítimas e criticou o governo de Israel. As tensões entre os dois países aumentaram ainda mais após o Tribunal Penal Internacional pedir a prisão do primeiro-ministro Netanyahu por crimes de guerra.
No entanto, é importante ressaltar que o Brasil não está sozinho em sua posição. Países europeus como Espanha, Irlanda e Noruega reconheceram oficialmente o Estado da Palestina, juntando-se a mais de 140 nações que já fizeram o mesmo. O Brasil reconheceu a Palestina como Estado em 2010 e reafirma a defesa da solução de dois Estados, com um Estado da Palestina independente convivendo lado a lado com Israel.
O gesto do presidente Lula em remover o embaixador de Israel e a repercussão internacional desse ato demonstram a seriedade das questões em jogo e a posição firme do Brasil em relação aos direitos humanos e à paz na região. A decisão política de não substituir imediatamente o embaixador em Israel certamente terá repercussões significativas no cenário internacional e nas relações diplomáticas entre os dois países.
