A manhã desta quinta-feira (18), primeiro dia do mapa de risco extremo, que determina as suspensão das atividades comerciais e dos serviços considerados não essenciais, foi de manifestação no Polo de Modas da Glória, em Vila Velha.
Diversos comerciantes protestaram contra o decreto do governo do Espírito Santo, que determinou que lojas de roupas e calçados, por exemplo, fiquem fechadas por 14 dias como medida de combate à disseminação do coronavírus.
Alguns lojistas optaram por manter as lojas abertas, contrariando, inclusive, fiscais da Prefeitura de Vila Velha. Durante a manifestação, os comerciantes chegaram a interditar a Avenida Carlos Lindenberg, uma das principais vias do município, como forma de protesto.
Durante o protesto, o motim se virou contra as funcionárias do parquímetro. Os manifestantes não aceitavam que elas notificassem os veículos que estavam estacionados nas ruas sem o ticket do rotativo que indica a realização do pagamento. Alguns veículos chegaram a ser multados pela Guarda Municipal.
A guarda municipal e o Corpo de Bombeiros foram até o bairro para prestar orientações aos lojistas. De acordo com os militares, eles não têm o poder de notificar ou de multar o comércio que descumprir as medidas, mas o Procon pode fazer isso.
Em conversa com o jornal Folha Vitória, uma empresária, que preferiu não ser identificada, lamentou o fato de que muitos lojistas estão lutando pelo direito de trabalhar para ter o que levar para dentro de suas casas. Ela, que é dona de uma loja de moda festa, disse que vai manter o estabelecimento fechado no período, mas não sabe de terá condições de reabrir quando for liberado.
“Muitos vão encarar a fiscalização, pois não têm como levar comida para dentro das próprias casas. Não houve nenhuma reunião ou consenso entre os lojistas. São decisões individuais. Eu vou manter fechada, pois o ramo em que trabalho não venderia nada. A chance de reabrir a loja depois de 14 dias é quase zero. Creio que não terei como pagar os próximos impostos e nem os funcionários”, lamenta.
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A empresária deixou claro que não é contra a proposta do decreto, que visa evitar a contaminação da doença. No entanto, ela acredita que seria preciso uma contraproposta para que o pequeno comerciante fosse contemplado diante da situação. “Não temos como empreender e não temos como aguentar as contas sozinhos. Quem estava na manifestação de hoje é por desespero. Vamos fechar para salvar vidas. Qual vida? Estão matando as nossas empresas. As nossas vidas também não são importantes?”, questiona.
Para ela, seria necessário que houvesse incentivo para que os pequenos lojistas continuassem trabalhando, bem como manter os compromissos financeiros. “Muitos comerciantes não vão conseguir pagar os impostos, as contas e os funcionários, mas a ajuda não vem. Tenho certeza que estes que estavam no protesto, não querem que ninguém morra por falta de UTI. Mas também precisamos de ajuda, senão nós também vamos morrer”, disse.
Fechamento total
Para reduzir o contágio do novo coronavírus, a partir desta quinta-feira, o Espírito Santo vai passar por um período de fechamento total, válido por 14 dias. De acordo com o decreto, poderão funcionar, sem restrições, as atividades consideradas essenciais. Estão listados pelo governo, serviços como supermercados, farmácias, hortifrutis, atividades industriais, serviços de limpeza urbana, entre outros.
Durante todo o período do decreto, o comércio considerado não essencial não poderá funcionar com atendimento ao público, nem mesmo nas modalidades de drive thru ou take away, quando o cliente vai até o local para fazer a retirada do produto. Apenas o serviço de delivery está liberado.
Aos domingos e feriados, podem funcionar apenas as atividades e atendimento ao público em farmácias, postos de combustíveis, assistência à saúde, assistência social e atendimento à população de vulnerabilidade, serviço funerário e transporte público coletivo de passageiros. Supermercados, hortifrutis e padarias, por exemplo, não podem funcionar.
Fonte: FV