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Iriny: militância pelos direitos humanos na Assembleia – Notícias da ALES

Ela ajudou a fundar o Partidos dos Trabalhadores (PT) no Espírito Santo, ao qual é filiada até hoje. Iriny Lopes está iniciando o seu segundo mandato como deputada estadual. Antes disso, foi deputada federal por três mandatos (2003 a 2015), além de ter integrado o primeiro governo da ex-presidente e correligionária Dilma Rouseff, com status de ministra, ficando à frente da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres (2011 a 2012). A motivação para permanecer tanto tempo na política é a luta contra a desigualdade social.

“O que me motivou a entrar na vida pública foi a construção de uma sociedade justa, fraterna, igualitária, livre. A possibilidade de construir um partido, porque eu sou uma construtora do PT, eu estou no PT desde a sua fundação, isso me animou mais. Eu estou na política desde a minha adolescência, mandatos eu passei a ter depois dos 40 anos, até então não tinha desejo de estar em espaços de mandato”, comenta.

Trajetória

Nascida em Lavras (MG), Iriny mudou-se ainda jovem para o Espírito Santo, junto de sua família. “Eu venho de uma família muito politizada, especialmente o meu pai. Então, desde muito jovem eu tenho muita clareza e muita convicção da separação de classes na sociedade e de como a maioria das pessoas são utilizadas para produzirem riqueza, e são brutalmente hostilizadas e violentadas nos seus direitos mais básicos”, avalia. 

“Desde o direito de comer, de morar, de estudar, de ter acesso a um bom trabalho e de viver sexualmente de acordo com a sua orientação, de não sofrer nenhuma violência por relação de gênero, nem de raça, nem de religião. Então, a liberdade é um bem precioso. A liberdade e a dignidade que me foram passados como valores, dentro da minha família, e esses valores só podem ser resguardados pela política”, complementa.

Prestes a completar 67 anos, no dia 12 de fevereiro, a deputada é mãe de três filhos e conhece de perto os desafios que as mulheres enfrentam para entrar e se estabelecer na política. “Primeiro as dificuldades que qualquer militante de esquerda tem. Discriminação, preconceito, assim como o fato de ser mulher e mãe, porque mãe ainda sofre um preconceito dobrado”, afirma.

Sobre o preconceito com a participação das mulheres na política, a petista comenta algumas das frases clássicas que já ouviu nesses anos de vida pública. “Deveria estar cuidando da casa, dos filhos, não tem que se meter na política, já tem homem suficiente aí pra tomar conta da política, não precisa que as mulheres venham”, revela a deputada com pesar. 

“As dificuldades foram essas, dificuldades financeiras, de enfrentar campanhas, de sobrevivência, porque para você ser conhecida, ter votos, você efetivamente tem que se destacar de fato, de se transformar numa referência. Para isso você precisa ter tempo e condições de deslocamento, de sobrevivência, para que você possa estar nos locais onde você vai debater, discutir e, com isso, criar laços de confiança que levem as pessoas a te escolherem como seu representante”, pontua.

Bandeiras

A parlamentar se considera uma militante dos direitos humanos. “Direitos humanos nos dias atuais é tudo. (…) A defesa da agroecologia, a defesa intransigente da não contaminação dos nossos rios, do nosso ar, tudo que possa contaminar a saúde das pessoas. O direito à educação, a educação do campo, a educação na cidade. O direito à cultura, ao lazer, ao esporte, especialmente para a nossa juventude, que, junto com a sua profissionalização, deve ter esses outros elementos, para ser uma pessoa completa”, acrescenta. 

“Se não ela só vai ser um equipamento de produção. Ao não ter acesso à cultura, ao esporte, ao lazer, ela se torna uma máquina de produção, exclusivamente. Se ela não estudar, ela não terá ideias, ela vai copiar as ideias dos outros, ou vai acatar, simplesmente por não entender, por estar mal informada, por não ser capaz de diferenciar uma notícia real de uma fake news”, exemplifica. 

A luta pelo respeito à diversidade também é uma marca da trajetória política da petista. “As minhas bandeiras permanecerão as mesmas, a defesa do direito das pessoas. Entra a comunidade LGBTQIA+, entram todos os direitos de negros e negras, incluindo os direitos diferenciados dos negros e negras quilombolas”, cita. 

A deputada aposta em um novo modelo político para combater a desigualdade. “O método tradicional, este que nós usamos todos os dias, ele produz pobreza, miséria, fome, violência, medo, agressão, pessoas violadas, violentadas e violentas. É um modelo arcaico, já provou que não tem capacidade de superar as dificuldades atuais e promover um mundo de mais qualidade”, explica. 

Desafios do Espírito Santo

Iriny coloca em xeque o modelo de desenvolvimento adotado como política pública no Espírito Santo. “Quais são as suas vocações naturais, quais são os seus bens naturais e o que podemos fazer para que um modelo sustentável possa gerar uma riqueza, que deve ser distribuída entre todos? E não o modelo que nós temos hoje, altamente concentrador”, provoca.

“Eu acho que o novo modelo, de enxergar o exercício da segurança pública, é urgente no estado. Nós continuamos entre os primeiros lugares em morte de juventude negra, em morte de mulheres e somos o primeiro estado em homicídio da população LGBTQIA+”, lamenta. 

A parlamentar conclui que essa mudança passa, indispensavelmente, pela transformação do processo educacional. “Isso tem a ver com a construção de um novo modelo de educação, que seja includente. Quando a gente fala includente, não é só trazer quem está fora da escola. É compartilhar, é ensaiar, é comprometer com um novo modelo de conhecimento, desde a mais tenra idade, as pessoas a conviverem com a diversidade”, avalia.

Cidadania

Militante contumaz do respeito à diversidade, Iriny defende sempre o acesso do cidadão aos seus direitos. “A diversidade só nos faz diferentes, mas ela não qualifica pessoas de primeira qualidade, de segunda qualidade, de terceira qualidade, todos somos pessoas. Todas e todos somos pessoas dotadas de direitos”, ressalta. 

E para que esses direitos sejam respeitados, a parlamentar defende a inclusão da sociedade nas decisões tomadas pelo poder público. “Não tem como você resolver os problemas de uma pessoa ou de um coletivo se essa pessoa ou esse coletivo não se tornar parte integrante, com ideias, com propostas, com sugestões e até com vetos, quando couber, da solução do seu problema”, afirma. 

Defesa das mulheres

Iriny também se compromete a seguir combatendo o feminicídio e todas as demais práticas de violência contra a mulher. “A violência da baixa participação política, a violência da diferença ainda gritante dos direitos no mundo do trabalho, a diferença das mulheres ainda serem sufocadas, estão aí mais para realizar os desejos de outros do que os seus próprios”, lamenta. 

“A solidão com que parte dessas mulheres criam os seus filhos, cada vez cresce mais o número de mulheres que são chefes de família, e isso é uma enorme responsabilidade. Isso tem a ver com formação, com acesso a emprego e a salário. Eu vou continuar fazendo esse tipo de trabalho, estamos felizes porque conseguimos sair de três deputadas para quatro e isso é muito significativo”, comemora.

A petista celebra não só o aumento da bancada feminina na Casa, mas enaltece a chegada da deputada Camila Valadão (Psol) no Legislativo capixaba. “A Camila é uma mulher de luta, é uma mulher batalhadora, é uma mulher inteligente, ela já demonstrou tanto na sua profissão, como na sua passagem pela Câmara (de Vitória)”. 

Apesar do avanço, a parlamentar reconhece que ainda é preciso muito mais para que haja um equilíbrio real, não só na política, mas na sociedade, de uma maneira geral. “Enquanto as mulheres forem minoria em tudo, minoria no poder, nos espaços de decisão, a gente não vai poder dizer que nós temos uma democracia completa”, aponta.

Projetos

A experiente política prefere não antecipar os projetos que pretende apresentar no início de novo mandato, mas afirma que além de propor novas matérias, irá trabalhar para dar andamento em proposições de sua autoria que estão paradas na Casa. “Todos eles já estão em debate, muitos projetos eu vou ‘desentranhar’ e não vou deixar arquivar, vou pedir a continuidade da tramitação e novos projetos serão apresentados”, revela.

Comissões

A deputada comandou a Comissão de Cultura durante a última legislatura e não está disposta a abrir mão do posto. “Reivindiquei à Presidência a continuidade na presidência da Comissão de Cultura, onde eu tive pouca possibilidade de produção no mandato passado. E há muita coisa a ser produzida dentro dessa área e coisas diretamente ligadas aos direitos das pessoas”, pondera. 

Iriny ainda aponta interesse em seguir nos colegiados de Direitos Humanos e Meio Ambiente. “(…) me preocupa muito o perfil do atual secretário, escolhido pelo governador, não acho bom, não acho que foi uma boa escolha. Não acho que ele representa interesses ambientais, quero continuar lá”. Ela acrescenta que também espera colaborar com os colegiados de Cooperativismo e Agricultura.

Relação com o governo

Reeleita com 36.720 votos, Iriny garante que será uma parceira do governador Renato Casagrande (PSB). Ela mostra preocupação com o que chama de “ultradireita organizada no estado do Espírito Santo” e avalia que o Executivo precisa ouvir os demais Poderes.

“Eu estarei ao lado do governo, mas eu não estarei como ‘vaquinha de presépio’, eu estarei com argumentos, propostas e acho que os maiores expoentes da política internacional de todos os tempos, os que acertaram mais, foram os que ouviram aquilo que precisavam ouvir e não aquilo que gostariam de ouvir. A minha conduta, portanto, vai ser de parceria, de solidariedade, mas ela não será acrítica”, assegura.

“Aqui nós vimos e continuamos a ver setores da sociedade, indivíduos, coletivos, que não apenas apoiaram o governo que foi derrotado nas urnas, nas eleições do ano passado, bem como fazem parte desse processo de resistência, a aceitar a democracia como método de decisão para um novo governo”, avalia. 

“Já assistimos, nesse janeiro interminável, coisas terríveis, como os ataques aos três Poderes constituídos, mas nós estamos vendo cotidianamente um ataque permanente, elaborado cientificamente, pensado para a disputa de corações e mentes na sociedade”, ressalta. 

A parlamentar prevê a continuidade dessa polarização política no Espírito Santo. “Foi uma disputa difícil, essa disputa não terminou, ao meu juízo ela vai continuar durante todo o governo. Eu prezo muito pela coerência, eu não quero a extrema direita hegemonizando o Estado brasileiro e a sociedade brasileira. Portanto, eu preciso ajudar o governo”, se posiciona.

“Mas ajudar não é só votar favorável às matérias por ele encaminhadas. É analisá-las, ver os seus problemas, propor emendas, propor projetos novos, propor políticas novas, propor novos programas, fazer um debate mais qualificado sobre a questão orçamentária”, conclui. 

A deputada espera que o Executivo tenha um olhar mais sensível para as políticas sociais, educação, saúde, cultura, lazer e esporte. Ela também mostra grande preocupação com o meio ambiente e defende a criação de um novo modelo de gestão ambiental no estado. 

“Especialmente porque temos aqui grandes empresas, predadoras do meio ambiente e elas têm muita força política. Elas podem pressionar o governo e nós temos que fazer a contrapressão, nós temos que fazer isso junto aos movimentos sociais e à esquerda do estado do Espírito Santo”, finaliza. 

Combate à desigualdade social e luta pelo respeito à diversidade são bandeiras do segundo mandato de Iriny Lopes na Ales

Iriny: militância pelos direitos humanos na Assembleia

Fonte: Assembleia Legislativa do ES.
Para mais informações sobre a Assembleia Legislativa do ES acesse o site da ALES

Iriny: militância pelos direitos humanos na Assembleia

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