Em agosto de 2023, os preços da indústria variaram 0,92% frente a julho, voltando ao campo positivo depois de seis meses. Nessa comparação, 12 das 24 atividades industriais tiveram variações positivas de preço. O acumulado no ano foi de -6,32%, a variação negativa mais intensa para um mês de agosto desde o início da série histórica, em 2014. O acumulado em 12 meses ficou em -10,51%.
Período | Taxa (%) |
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Agosto de 2023 | 0,92 |
Julho de 2023 | -0,76 |
Acumulado no ano | -6,32 |
Acumulado em 12 meses | -10,51 |
Agosto de 2022 | -3.04 |
O Índice de Preços ao Produtor (IPP) das Indústrias Extrativas e de Transformação mede os preços de produtos “na porta de fábrica”, sem impostos e fretes, e abrange as grandes categorias econômicas.
Índice de Preços ao Produtor, segundo as Indústrias Extrativas e de Transformação (Indústria Geral) e Seções, Brasil, últimos três meses |
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Indústria Geral e Seções | Variação (%) | ||||||||
M/M₋₁ | Acumulado no Ano | M/M₋₁₂ | |||||||
Jun/2023 | Jul/2023 | Ago/2023 | Jun/2023 | Jul/2023 | Ago/2023 | Jun/2023 | Jul/2023 | Ago/2023 | |
Indústria Geral | -2,72 | -0,76 | 0,92 | -6,46 | -7,17 | -6,32 | -12,37 | -14,02 | -10,51 |
B – Indústrias Extrativas | -10,52 | 5,07 | 6,56 | -6,20 | -1,45 | 5,02 | -31,95 | -28,32 | -10,99 |
C – Indústrias de Transformação | -2,33 | -1,03 | 0,64 | -6,47 | -7,43 | -6,84 | -11,21 | -13,18 | -10,49 |
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coord. de Estatísticas Conjunturais em Empresas |
As quatro maiores variações no indicador mensal foram: refino de petróleo e biocombustíveis (7,52%); indústrias extrativas (6,56%); vestuário (5,89%); e equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-2,79%).
Refino de petróleo e biocombustíveis foi o setor industrial de maior destaque na composição do resultado agregado, na comparação entre os preços de agosto e os de julho. A atividade foi responsável por 0,72 ponto percentual (p.p.) de influência na variação de 0,92% da indústria geral. Ainda neste quesito, outras atividades que também sobressaíram foram indústrias extrativas, com 0,30 p.p. de influência, metalurgia (-0,17 p.p.) e vestuário (0,10 p.p.).
O acumulado no ano foi de -6,32%. A título de comparação, no último ano (2022) a taxa acumulada até o mês de agosto havia sido de 7,99%. O acumulado até agosto de 2023 foi o resultado negativo mais intenso para um mês de agosto desde o início da série histórica, em 2014.
As maiores variações acumuladas no ano entre as atividades foram: refino de petróleo e biocombustíveis (-19,98%), outros produtos químicos (-17,35%), papel e celulose (-16,89%) e vestuário (15,47%).
Já as principais influências vieram de refino de petróleo e biocombustíveis: -2,39 p.p., outros produtos químicos: -1,52 p.p., alimentos: -1,43 p.p. e papel e celulose: -0,57 p.p.
O acumulado em 12 meses foi de -10,51% em agosto. No mês anterior, este mesmo indicador havia registrado taxa de -14,02%. Os setores com as quatro maiores variações de preços na comparação de agosto com o mesmo mês do ano anterior foram: outros produtos químicos (-30,75%); refino de petróleo e biocombustíveis (-29,75%); vestuário (17,65%); e metalurgia (-14,09%).
Os setores de maior influência no resultado agregado foram: refino de petróleo e biocombustíveis (-3,88 p.p.); outros produtos químicos (-3,07 p.p.); alimentos (-1,80 p.p.); e metalurgia (-0,89 p.p.).
Entre as grandes categorias econômicas, o resultado de agosto repercutiu assim: 0,04% de variação em bens de capital; 1,54% em bens intermediários; e 0,18% em bens de consumo, sendo que a variação observada nos bens de consumo duráveis foi de 0,16%, ao passo que nos bens de consumo semiduráveis e não duráveis foi de 0,18%.
A principal influência veio de bens intermediários, cujo peso na composição do índice geral foi de 55,48% e respondeu por 0,85 p.p. da variação de 0,92% nas indústrias extrativas e de transformação.
Completam a lista, bens de consumo, com influência de 0,07 p.p. e bens de capital com 0,00 p.p.. No caso de bens de consumo, a influência observada em agosto se divide em 0,01 p.p., que se deveu à variação nos preços de bens de consumo duráveis, e 0,06 p.p. associado à variação de bens de consumo semiduráveis e não duráveis.
Índice de Preços ao Produtor, variação segundo as Indústrias Extrativas e de Transformação (Indústria Geral) e Grandes Categorias Econômicas, Brasil, últimos três meses |
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Indústria Geral e Grandes Categorias Econômicas | Variação (%) | ||||||||
M/M₋₁ | Acumulado no Ano | M/M₋₁₂ | |||||||
Jun/2023 | Jul/2023 | Ago/2023 | Jun/2023 | Jul/2023 | Ago/2023 | Jun/2023 | Jul/2023 | Ago/2023 | |
Indústria Geral | -2,72 | -0,76 | 0,92 | -6,46 | -7,17 | -6,32 | -12,37 | -14,02 | -10,51 |
Bens de Capital (BK) | -1,05 | -0,52 | 0,04 | -1,27 | -1,79 | -1,75 | 3,65 | 0,70 | 1,11 |
Bens Intermediários (BI) | -3,50 | -0,60 | 1,54 | -10,28 | -10,81 | -9,44 | -18,50 | -19,77 | -15,55 |
Bens de Consumo (BC) | -1,90 | -1,06 | 0,18 | -1,33 | -2,38 | -2,21 | -4,88 | -6,96 | -4,21 |
Bens de Consumo Duráveis (BCD) | 0,10 | -0,17 | 0,16 | 1,77 | 1,59 | 1,76 | 3,68 | 3,55 | 2,41 |
Bens de Consumo Semiduráveis e Não Duráveis (BCND) | -2,30 | -1,25 | 0,18 | -1,94 | -3,16 | -2,99 | -6,46 | -8,87 | -5,48 |
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coord. de Estatísticas Conjunturais em Empresas |
No acumulado no ano a variação das grandes categorias econômicas chegou a: -1,75%, no caso de bens de capital; -9,44% em bens intermediários; e -2,21% em bens de consumo – sendo que bens de consumo duráveis acumulou variação de 1,76%, enquanto bens de consumo semiduráveis e não duráveis, -2,99%.
Em termos de influência no acumulado no ano, bens de capital foi responsável por -0,13 p.p. dos -6,32% verificados na indústria geral até agosto deste ano. Bens intermediários, por seu turno, respondeu por -5,42 p.p., enquanto bens de consumo exerceu influência de -0,78 p.p. no resultado agregado da indústria, influência que se divide em 0,10 p.p. devidos às variações nos preços de bens de consumo duráveis e -0,88 p.p. causados pelas variações de bens de consumo semiduráveis e não duráveis.
No acumulado em 12 meses, a variação de preços de bens de capital foi de 1,11% em agosto/2023. Os preços dos bens intermediários, por sua vez, variaram -15,55% neste intervalo de um ano e a variação em bens de consumo foi de -4,21%, sendo que bens de consumo duráveis apresentou variação de preços de 2,41% e bens de consumo semiduráveis e não duráveis de -5,48%.
Com peso de 7,82% no cálculo do índice geral, bens de capital foi responsável por 0,08 p.p. dos -10,51% de variação acumulada em 12 meses na indústria, neste mês de referência. No resultado de agosto de 2023, houve, ainda, influência de -1,45 p.p. de bens de consumo e de -9,14 p.p. de bens intermediários.
O resultado de bens de consumo, em particular, foi influenciado em 0,13 p.p. por bens de consumo duráveis e em -1,58 p.p. por bens de consumo semiduráveis e não duráveis, este último com peso de 82,90% no cômputo do índice daquela grande categoria.
Indústrias extrativas – Pelo segundo mês consecutivo e a sexta vez no ano, a variação de preços na comparação mês contra mês anterior foi positiva, em agosto em 6,56%. Com isso, o acumulado no ano inverteu a tendência anterior e está em 5,02%. Por sua vez, o acumulado em 12 meses foi a -10,99%, 17,33 p.p. maior que o observado em julho.
O destaque do setor deve-se ao fato de ter sido a segunda variação mais intensa no indicador mensal e a segunda influência (0,30 p.p., em 0,92%). Os preços do setor variaram em linha com o comportamento das commodities no mercado externo, e ainda sofreram o efeito da apreciação do dólar frente ao real (2,1%, na passagem de julho para agosto).
Alimentos – Depois de três meses consecutivos, em agosto, a variação de preços do setor, na comparação mensal, voltou ao patamar positivo, 0,08%. Com isso, o acumulado no ano ficou em -5,91% e o acumulado em 12 meses -7,63%.
A alimentos é a atividade de maior peso no IPP, 24,27%, e o comportamento de seus preços gerou a terceira maior influência tanto no acumulado no ano (-1,43 p.p., em -6,32%), quanto no acumulado em 12 meses (-1,80 p.p., em -10,51%).
Dois produtos (“carnes de bovinos congeladas” e “sucos concentrados de laranja”) aparecem tanto em destaque em termos de variação quanto de influência, sendo que a direção do comportamento dos preços é distinta: os preços de “carnes de bovinos congeladas” caíram, os de “sucos concentrados de laranja”, subiram.
A apreciação do dólar frente ao real teve efeito sobre os “sucos de laranja”, mas também os preços da commodity teve variação positiva no mercado externo (impactado por uma menor oferta do Brasil). No caso da carne bovina, com excesso de oferta de animais para abate, os preços continuam em queda.
Vestuário – A atividade apresentou resultado no indicador mensal de 5,89%, o terceiro entre os quatro maiores resultados mensais. As variações nos custos de produção (especialmente matéria-prima) foram apontadas com maior frequência como responsáveis por esse resultado. Com isso o acumulado no ano da atividade ficou em 15,47%, o quarto maior acumulado no ano e o único acumulado no ano com variação positiva dentre os quatro maiores da pesquisa.
Em relação aos últimos 12 meses, a atividade apresentou resultado de 17,65%, sendo o terceiro maior, e único com valor positivo, dentre os quatro maiores indicadores da pesquisa.
Papel e celulose –O resultado da atividade acumulado no ano foi de – 16,89%, sendo este o terceiro maior, em módulo, dentre os quatro maiores resultados acumulados no ano da indústria. O acumulado no ano da atividade reflete a sucessão de resultados negativos no índice mensal, ocorrida entre dezembro de 2022 e junho de 2023, tendo ocorrido o maior valor, em módulo, no mês de junho de 2023, quando atingiu o resultado de -4,17%. O resultado mensal ficou em – 1,06 %, e em relação aos últimos 12 meses, em -13,26%.
Os resultados nos indicadores de curto e mais longo prazo do setor corroboram a aderência à dinâmica dos preços internacionais da celulose, que após um 2022 de forte recomposição de estoques, esteve em trajetória de queda no primeiro semestre de 2023. Julho trouxe consigo alguma recuperação de demanda pelo produto, mas agosto encerrou com nova moderação pontual de preços. O preço doméstico acompanhou o sinal dos mercados globais, apesar do efeito da depreciação cambial corrente sobre o preço em reais dos exportáveis.
Refino de petróleo e biocombustíveis – Depois de oito resultados negativos na comparação mensal, em agosto os preços do setor tiveram um aumento de 7,52%. Com isso o acumulado no ano, que era de -25,58% em julho, ficou em -19,98%. O acumulado em 12 meses, por sua vez, ficou em -29,75%, uma diferença de 9,49 p.p. em relação a julho.
O destaque dado ao setor se deve ao fato de ser a primeira variação tanto no indicador mensal, quanto no acumulado no ano, sendo a primeira positiva e a segunda negativa. Também é negativa a variação na perspectiva no indicado dos últimos 12 meses, e, nesse caso, é a segunda mais intensa. Na influência, é a primeira nos três indicadores (mensal: 0,72 p.p., em 0,92%; acumulado no ano: -2,39 p.p., em -6,32%; e no acumulado em 12 meses: -3,88 p.p., em -10,51%). Em termos de peso atual, é o segundo maior, 10,24%.
Outros químicos – Após 13 meses, os preços médios da indústria química apresentaram alta na comparação com o mês imediatamente anterior, variação de 1,02% – o resultado consolida e reforça dinâmicas de mercado que já vinham sendo observadas em julho, particularmente no mercado de fertilizantes.
A demanda doméstica por esses produtos permaneceu aquecida e o movimento de alta que havia sido pontual para alguns produtos em julho se disseminou em agosto, com destaque para os itens acabados.
No cenário externo, o preço internacional dos macronutrientes permaneceram em segundo mês de alta exercendo seu efeito como referencial competitivo ao produtor nacional de itens intermediários e, ao menos, sinalizando pressão de alta para a recomposição de estoques de insumos para os produtores de itens acabados.
O acumulado no ano desacelerou de -18,18% em julho para -17,35% em agosto, ao passo que o acumulado em 12 meses saiu de -32,70% no mês anterior para -30,75% nesse mês de referência. Em ambos os indicadores a indústria química figurou entre as quatro variações mais intensas dentre as indústrias extrativas e de transformação, da mesma forma que ocorreu em termo de influência exercida no cômputo do índice geral. O setor foi, ainda, o quarto maior peso nesse cômputo.
Metalurgia – Em agosto, a variação de preços da atividade foi de -2,67% em relação ao mês anterior, quarto resultado negativo consecutivo observado neste indicador e a maior queda desde setembro de 2022 (-3,77%). Foi a terceira principal influência no resultado geral da indústria (-0,17 p.p. em 0,92%), sendo a única negativa dentre as que se destacaram.
Em 2023, os preços da atividade acumulam, em média, uma queda de 7,45%. E nos últimos 12 meses, o setor acumula uma redução de 14,09% no período, fazendo com que a atividade seja destaque também no indicador dos últimos 12 meses, apresentando a quarta variação mais intensa, assim como a quarta principal influência (-0,89 p.p. em -10,51%), dentre as 24 atividades pesquisadas no IPP.
O setor tem sido influenciado, principalmente, pelos grupos econômicos dos metais não ferrosos (cujas variações costumam estar ligadas às cotações das bolsas internacionais e têm sido impactadas, principalmente, pelos menores preços do alumínio e pela apreciação acumulada do real frente ao dólar) e o de siderurgia, que é afetado, principalmente, pela recomposição de estoques na cadeia do consumidor e pelos preços dos minérios de ferro (aqui vale destacar que a baixa demanda por produtos de aço mais que compensou a alta observada nos minérios de ferro nos últimos meses).