A interação entre a matemática e a cultura dos povos originários de Aracruz resultou em dois livros disponíveis gratuitamente para ampliar as formas de ensino da disciplina. A Etnomatemática, que reconhece a diversidade de abordagens para estudar matemática, foi o conceito base para essa iniciativa.
Explorando a Etnomatemática em Aracruz
Os pesquisadores do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes), em colaboração com membros da comunidade Guarani e Tupinikim, mergulharam nas brincadeiras e jogos desses povos para enriquecer o ensino da matemática. O pré-lançamento dos livros ocorreu na Aldeia Três Palmeiras, em Aracruz, onde a comunidade teve acesso às versões impressas e digitais gratuitas.
A Importância da Lei nº 11.645
A Lei nº 11.645, que deveria garantir o ensino da cultura afro e indígena nas escolas brasileiras, inspirou os pesquisadores a desenvolverem materiais educativos que valorizam a diversidade cultural. O livro "Etnomatemática e Saberes Indígenas na Sala de Aula", fruto do trabalho de Lucas Mulinari e da professora Cláudia Lorenzoni, destaca a necessidade de romper com práticas eurocentradas no ensino da matemática.
Jogos e Brincadeiras como Ferramentas Pedagógicas
O estudo realizado na Escola Municipal de Ensino Fundamental Indígena (Emefi) Arandu Retxakã resultou na descoberta de jogos tradicionais, como o "jogo dos gatinhos e ratinhos", que foram incorporados ao material didático. O envolvimento de educadores indígenas, lideranças e estudantes da comunidade enriqueceu o conteúdo dos livros.
Valorização da Cultura Indígena
A coletânea de jogos, brincadeiras e experiências em matemática com os Guarani e Tupinikim reflete o esforço de resgate e revitalização da cultura indígena nas escolas. O reconhecimento do papel desses materiais na educação escolar indígena é fundamental para fortalecer a identidade e os saberes dessas comunidades.
Ampliando Horizontes na Etnomatemática
O trabalho desenvolvido pelo Grupo de Pesquisas em História da Matemática e Saberes Tradicionais tem se expandido para outras comunidades, como as quilombolas no Espírito Santo. A parceria e o diálogo com os povos indígenas e tradicionais são fundamentais para a construção de um ensino mais inclusivo e representativo.
Conclusão
Os livros sobre Etnomatemática e saberes indígenas representam um importante passo na valorização da diversidade cultural no ensino da matemática. A integração dos conhecimentos tradicionais com o currículo nacional amplia as possibilidades de aprendizagem e contribui para a construção de uma educação mais inclusiva e respeitosa. A disseminação desses materiais é essencial para promover a igualdade de oportunidades e o reconhecimento da riqueza cultural dos povos originários de Aracruz.