Festival de Parintins Une Boi Garantido e Boi Caprichoso em Proposta de Conservação da Amazônia
A partir desta sexta-feira (27), o Bumbódromo na ilha de Parintins, no Amazonas, ressoa com paixão e rivalidade nas cores vermelho e azul, representando respectivamente o Boi Garantido e o Boi Caprichoso. Neste ano, o renomado Festival de Parintins, uma referência cultural na Amazônia, não apenas celebra a tradição do boi-bumbá, mas também integrou à competição a temática da conservação ambiental. Ambas as agremiações se uniram em uma iniciativa conjunta para coletar assinaturas para o Projeto de Lei de Iniciativa Popular Amazônia de Pé (Plip), que buscou sensibilizar a população sobre a urgência na proteção das áreas públicas da Amazônia Legal.
A proposta, elaborada pelo movimento Amazônia de Pé, estabelece diretrizes para a destinação das áreas não especificadas na Amazônia, priorizando a conservação ambiental e a justiça social. A coordenadora de Incidência do movimento, Kaianaku Kamaiurá, enfatizou que o Plip surge da análise de dados do Observatório das Florestas Públicas, que revelou a existência de 50,2 milhões de hectares de áreas públicas ainda não designadas, muitas das quais sobrepostas nos registros do Cadastro Ambiental Rural (CAR). Kamaiurá argumenta que a proteção dessas florestas é essencial não apenas para a biodiversidade local, mas também para a mitigação das mudanças climáticas.
“Ao não proteger essas áreas, corremos o risco de perder uma considerável capacidade de estoque de carbono, impactando não só os habitantes da Amazônia, mas toda a sociedade”, alertou. A proposta de lei se insere em um contexto de emergência climática, e as comunidades tradicionais, incluindo povos indígenas, têm desempenhado um papel crítico na conservação dessas terras por gerações.
Desafio dos Bumbás
Para impulsionar a proposta, o festival lançou o Desafio dos Bumbás, uma colaboração entre as agremiações Boi Bumbá e Boi Garantido, em parceria com o movimento Amazônia de Pé, que reúne mais de 300 organizações sociais. Antes do início do festival, moradores e visitantes de Parintins já estão mobilizados na coleta de assinaturas, um esforço que será premiado com R$ 40 mil para a agremiação que conseguir o maior número de adesões e um prêmio especial de R$ 6 mil para o torcedor que mais contribuir.
Patrícia Patrocínio, articuladora Política e Cultural do movimento, comentou sobre a interseção natural entre a defesa da Amazônia e a festividade. “Essa grande expressão da nossa identidade tem um potencial narrativo muito grande para mobilizar as pessoas em defesa do nosso território, que está sob constante ameaça”, afirmou. Os líderes das agremiações reconhecem a importância do festival como um meio de preservar não apenas a memória, mas também a identidade cultural e ambiental dos povos da Amazônia.
Coleta de Assinaturas e Participação Cidadã
As assinaturas para o desafio serão coletadas até 14 de julho, com o objetivo de arrecadar mais de 1,5 milhão de assinaturas, representando 1% do eleitorado nacional. O Plip é um exemplo de participação cidadã previsto na Constituição Federal e regulamentado pela Lei de Soberania Popular. A proposta, uma vez apresentada à Câmara dos Deputados com as assinaturas confirmadas, tramitará como uma proposta de lei ordinária.
Atualmente, a Câmara dos Deputados já reconheceu uma única iniciativa popular, a PL 4850/2016, que compreendeu um forte apoio público. A mobilização popular, ao longo da história, tem se mostrado eficaz na promoção de mudanças legislativas significativas no Brasil.
Com esforços conjuntos das agremiações, o Festival de Parintins se transforma em um espaço não apenas de celebração cultural, mas também de mobilização pela proteção ambiental, ressaltando o papel vital da Amazônia para o futuro do Brasil e do mundo.
Festival de Parintins mobiliza torcidas em defesa da floresta
Fonte: Agencia Brasil.
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