“Todos os afluentes do Rio Doce terão problema de seca até 2030, e poderão se tornar intermitentes”. A afirmação é de Henrique Lobo, palestrante que abriu a Semana Legislativa de Proteção ao Rio Doce na tarde desta segunda-feira (20) na Assembleia Legislativa (Ales).
Membro do Conselho Diretor do Instituto Terra e do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Doce, Lobo conversou com alunos da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Dr. Francisco de Freitas Lima sobre os principais rios que existem no mundo, suas características e importância social. Entre eles, está o Rio Doce.
“Esse programa nós desenvolvemos aqui com os alunos. ‘Os rios da Terra’ são os rios que eu pude estudar, alguns rios em alguns países do mundo (…) e também poder falar um pouco sobre o Rio Doce. Sobre esse rio que é importante para o estado do Espírito Santo, para o Brasil, para a nossa sociedade. E para eles entenderem esse rio que nós temos em nosso estado”, ressaltou o professor.
Lobo chamou a atenção para os efeitos que poderão tornar os afluentes do Rio Doce intermitentes, ou seja, que correm em apenas um período do ano, secando nas épocas de estiagem. De acordo com o professor, o Espírito Santo sofre muito com os efeitos do La Niña e isso pode causar impactos significativos na Bacia Hidrográfica do Rio Doce no estado.
“Nós tivemos chuvas torrenciais em 2020, 2021, 2022 e 2023. E agora, em maio, começa o período que o Oceano Pacífico vai esquentar, então nós vamos passar por um período de seca prolongada, que deve durar de dois a cinco anos. Os rios afluentes do Rio Doce no Estado do Espírito Santo, eles podem ficar todos intermitentes”, afirma.
Fotos da Semana Legilativa de Proteção ao Rio Doce
Para o professor, não apenas os efeitos naturais são responsáveis pelas alterações na bacia do rio, mas também a atividade humana. Como exemplo, citou a extração de madeira na região de Linhares e Colatina que, segundo apontou, já abrigou “a maior floresta madeireira que o mundo já viu”, com 400 espécies de árvores por hectare. A título de comparação, toda a Ásia e a Europa possuem 22 espécies de plantas por hectare. Estados Unidos e Canadá possuem 18 espécies/hectare.
O estudioso apontou medidas necessárias para conter os impactos. “ (…) nós precisamos restaurar os topos dos morros, as nascentes, para que possamos ter mais água nesses mananciais”, explicou Lobo.
Além da extração de madeira, usada na construção dos grandes centros urbanos brasileiros, o profissional afirmou que 60% dessa floresta foi destruída para dar lugar à pastagem. “Crescimento de Vitória, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, construção de Brasília… Todas essas grandes cidades usaram a madeira aqui do Vale do Rio Doce, dessa região”, ressaltou.
Henrique Lobo apontou risco de seca em afluentes de uma das mais importantes fontes hídricas para o estado durante palestra de abertura da Semana de Proteção ao Rio Doce
Estudioso alerta para ameaças ao Rio Doce
Fonte: Assembleia Legislativa do ES.
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