O ministro Fábio Faria (Comunicações) disse que, nas eleições de 2022, a esquerda “aprendeu” a usar as redes sociais, entrando no “campo” que antes era ocupado pelos bolsonaristas. Ele é um dos coordenadores da campanha de Jair Bolsonaro (PL) à reeleição. O presidente disputa o 2º turno com Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“O bolsonarismo continua muito forte nas redes, só que a esquerda também aprendeu a usá-las”, declarou Faria em entrevista ao jornal O Globo publicada nesta 5ª feira (19.out.2022). “Então deixou de ser um campo só de um e hoje os 2 usam.”
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Faria disso considerar uma “injustiça” acusarem Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente, de disseminar fake news contra o PT e a esquerda.
“Se existe uma injustiça muito grande, é contra o Carlos. Até hoje ninguém nunca viu uma conversa de WhatsApp dele com ninguém. Ele não tem grupo, não dispara nada para ninguém”, falou. “Enquanto o outro lado tem um grupo comandado pelo [deputado] André Janones [Avante-MG], que decide as fake news e dispara para 5.000 pessoas. Isso, sim, é crime.”
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Lula terminou o 1º turno com 48,43% dos votos válidos contra 43,20% de Bolsonaro. O petista está à frente do presidente nas intenções de voto para o 2º turno, segundo o Agregador de Pesquisas do Poder360.
Questionado sobre como reverter a vantagem do petista, o ministro disse acreditar que já está na frente. “A campanha do voto útil [em favor de Lula] no 1º turno funcionou, mas, por outro lado, todo mundo que poderia votar no Lula já migrou”, falou. “Sabíamos que se a gente chegasse no 2º turno entre 4 e 8 [pontos percentuais de diferença] teríamos condições de virar.”
Segundo ele, a carta de Lula aos evangélicos não deve influenciar nos resultados. “Ficou muito tarde, as pessoas não acreditam”, afirmou. “Lula passou muito tempo criticando a campanha de Bolsonaro por falar de valores, que padre e pastor tinham que ficar no lugar deles. O eleitor é inteligente, percebe as mudanças a 10 dias da eleição.”
Faria falou sobre a participação do senador eleito Sergio Moro (União Brasil-PR) na campanha de Bolsonaro. “Acredito que ele tem força além do Paraná, tem seguidores em muitos lugares, e vemos nos nossos números que a presença dele teve um efeito positivo no Sudeste”, afirmou.
“Ele mesmo disse que, apesar das divergências que [Moro e Bolsonaro] tiveram, as convergências são maiores. E as divergências com Lula são insuperáveis. Ele não tem opção.”
VENEZUELANAS
Faria analisou que o episódio de Bolsonaro com meninas venezuelanas de 14 e 15 anos deixou de ter impacto na campanha de Bolsonaro. O presidente disse que “pintou um clima” ao passar de moto pelas meninas e decidiu parar para ver o que acontecia no local, uma residência em São Sebastião, região administrativa do Distrito Federal.
“Teve um impacto no domingo [16.out]. Antes da decisão do ministro [do TSE e STF] Alexandre de Moraes [para que o PT excluísse vídeos em que cita o caso] e de o presidente mostrar que ‘pintou um clima’ era para ele entrar na casa e fazer a live”, falou Faria. “Hoje, o impacto está sendo negativo para eles [adversários]. Está parecendo forçação de barra, cinismo.”
A declaração foi alvo de críticas nas redes sociais e associada à pedofilia. Na 3ª feira (18.out), Bolsonaro pediu desculpas em vídeo. O presidente já havia se desculpado por declarações sobre a pandemia.
“O presidente é sensível politicamente e, após analisar os números, viu que isso [as declarações] poderia estar tirando voto dele, porque é um governo que tem boa avaliação”, disse o ministro. “Conheço gente que diz ser o melhor governo que já viu, mas afirma que o presidente fala de uma forma que não gosta. Isso estava sendo muito explorado e ele foi pedir desculpa. Foi uma coisa dele.”
Ao ser perguntado se esse novo posicionamento de Bolsonaro é a razão da “trégua com as urnas”, Faria respondeu: “Depois da entrada do Alexandre de Moraes no TSE, ele abriu mais o diálogo com as Forças Armadas. Isso distensionou”.
“Esquerda aprendeu a usar redes sociais”, diz Fábio Faria
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