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Endrick, a joia do Palmeiras e do futebol brasileiro, deseja mostrar ao mundo quem ele é.

A nova promessa do futebol brasileiro já alcançou algo inédito até para Pelé e Neymar: erguer sua segunda taça do Brasileirão aos 17 anos. Mas o atacante Endrick, do Palmeiras e vendido ao Real Madrid, prefere não dar ouvidos às comparações e quer escrever sua própria história com a bola.

O atacante foi vital para o Verdão conquistar o segundo título nacional consecutivo na última quarta-feira. O feito vai ficar na memória do jogador antes dele se transferir para o Real Madrid em julho de 2024, quando atingir a maioridade. Até lá, seguirá defendendo as cores do Palmeiras, no qual já atraia a atenção dos grandes clubes da Europa desde as categorias de base, chegando a ser comparado com lendas do passado.

“Eu não ligo [para as comparações] porque sei que ninguém vai chegar aos pés do Pelé, porque ele é o rei do futebol […] Eu só quero ser o Endrick, quero mostrar a eles quem é o Endrick”, diz ele em entrevista à AFP durante um evento com um novo patrocinador em São Paulo.

O promissor atacante, contratado pelo Real Madrid há um ano por pelo menos US$ 65 milhões (cerca de R$ 320,5 milhões pela cotação atual) com bônus, segundo a imprensa, fez sua primeira temporada completa como profissional em 2023. No ano, o jogador balançou as redes 14 vezes em 53 jogos disputados.

Endrick estreou aos 16 anos, em outubro do ano passado, no Brasileirão. No total disputou sete partidas e marcou três gols na campanha vitoriosa do Palmeiras, conquistando assim o primeiro de quatro títulos na elite do futebol brasileiro em sua curta carreira.

Início “um pouco instável”

Seu ano de 2023 começou bem com a conquista da Supercopa do Brasil e do Campeonato Paulista. Mas ele caiu em um jejum de gols que até o levou às lágrimas em campo: quatro gols nas primeiras 19 partidas do Brasileirão.

“Foi um começo de temporada um pouco abalado. Acho que depois que virei a ‘chavinha’ da minha cabeça pude ver que eu estava bem, que estava feliz. Pude também ajudar minha equipe a ser campeã e creio que ano que vem vou poder ajudar ainda mais”, disse.

A virada na “chavinha” foi ter deixado de ler comentários nas redes sociais e de se cercar de familiares e amigos. O robusto atacante, que brilha pelas pontas e no meio, também intensificou seu trabalho fora do clube para melhorar seu desempenho em campo e iniciou aulas de inglês e espanhol.

Os esforços valeram a pena e Endrick e Palmeiras tiveram um bom fim de temporada, também ajudado pelo impressionante colapso do Botafogo na reta final. Endrick fechou o campeonato com onze gols, seis deles nos últimos dez jogos, incluindo o que selou o título, na quarta-feira, e a dobradinha decisiva que havia marcado contra o próprio time carioca.

“As pessoas dizem que eu tive protagonismo. Mas, eu não acredito muito nisso porque, para mim, o protagonismo é da equipe toda”, diz ele. “Foi uma reta final boa para mim e só estou feliz de poder ter ajudado o time que eu amo”.

Possível camisa 9 da Seleção

Seu bom nível fez dele, em novembro, o jogador mais jovem a ser convocado para a Seleção Brasileira desde Ronaldo, em 1994. Mas a seleção comandada por Fernando Diniz sofreu duas derrotas doloridas: 2 a 1 para a Colômbia e 1 a 0 diante da Argentina, que derrubaram a invencibilidade histórica do Brasil em casa nas Eliminatórias Sul-Americanas.

Os pentacampeões mundiais estão em sexto lugar nas Eliminatórias, em seu pior início da competição. Muito questionado, Diniz tem tido problemas para implementar suas ideias ofensivas.

“Temos um novo treinador, leva um tempo para treinar, para se desenvolver e o Diniz é um cara fenomenal, um treinador excelente, acho que ele vai dar muito certo na Seleção. Infelizmente perdemos dois jogos, mas creio que nas próximas partidas das Eliminatórias a equipe vai poder se destacar e sair vitoriosa”, garante.

A Seleção, sem títulos mundiais desde 2002, tem sido criticada pelo seu mau momento. E meio ao período ruim, várias vozes questionam a qualidade da atual geração de jogadores.

“Eu não ligo para o que as pessoas falam. Esta nova geração é muito boa, tem novos craques, como o Vitor Roque, o Vini, o Rodrygo, o Bruno Guimarães”, aponta.

“Eu creio que eles podem ajudar bastante a Seleção e que, se Deus quiser, o povo brasileiro possa estar conosco também”.

Endrick surge como esperança de gols para o Brasil, que há anos sente falta de um centroavante confiável. Para o jovem atleta, a importância de estar sendo convocado é maior do que a numeração que vai usar na Amarelinha.

“Tem vários jogadores que querem a ‘9’ da Seleção. Eu não me importo com o número da camisa, eu só quero estar lá e só quero estar jogando”, diz ele.

De olho em Madri

Tanto na Seleção quanto no Real Madrid há um nome em comum para Endrick: o italiano Carlo Ancelotti, técnico dos merengues e possível técnico do Brasil a partir de meados de 2024.

“Não sei o que dizer, porque não sei o que está acontecendo, não sei o que é específico da Seleção. Mas só espero que ele [Ancelotti] seja feliz com sua decisão. É um excelente treinador e em qualquer momento, em qualquer seleção, eu iria querer tê-lo, porque é um treinador vitorioso”, elogia.

Faltando pouco mais de meio ano para viajar a Madri, para onde irá com os pais e o irmão, Endrick garante que evita pensar como será a sua nova vida para “não ficar ansioso”.

Ele diz que está focado em conquistar mais dois títulos com o Palmeiras antes de sair: a Supercopa do Brasil e o Campeonato Paulista. E reconhece como uma dívida não ter conseguido conquistar a Copa Libertadores, vencida pelo Verdão em 2020 e 2021, quando ele ainda estava na categoria de base.

Na principal competição de clubes da América do Sul, Endrick diz ter sido vítima de racismo. Os insultos também não são novidades para os futuros colegas de Real Madrid, Vinicius Jr. e Rodrygo, constantes alvos de ataques racistas.

“Aconteceu isso algumas vezes e eu não liguei, continuei meu jogo. É o que eu quero também, só quero fazer o que me faz mais feliz: jogar futebol”, afirmou.

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