
Dono de uma agência de modelos, o empresário Moacir Pereira Júnior (31) foi condenado a 19 anos e quatro meses de prisão por estupro de vulnerável, praticado contra seis jovens menores de idade que trabalharam com ele entre os anos de 2013 e 2017. Denominada Ego MGTM, a empresa tem sede em Vila Velha, na Grande Vitória. Desde outubro do ano passado, ele está preso preventivamente.
De acordo com a denúncia do Ministério Público do Espírito Santo (MPES), o empresário aproveitou da autoridade e da influência que tinha enquanto agenciador de modelos para “praticar atos libidinosos com as adolescentes mediante fraude, violência e constrangimento”.
Além do próprio depoimento detalhado das vítimas, o MPES também apontou que foram encontradas nos equipamentos eletrônicos do agenciador “imagens de menores de idade praticando sexo oral e em poses eróticas, havendo, ainda fotos de nudez”. A condenação de Moacir foi proferida neste mês de maio pela 3ª Vara Criminal de Vila Velha.
Para a mãe de uma das vítimas, a condenação do agenciador representa um alívio. A filha tinha apenas 14 anos quando foi chamada pelo empresário para fazer fotos no estúdio. A menina foi até o local achando que a assistente de Moacir acompanharia a sessão – o que não aconteceu.
“Ele começou a fazer fotos normais. Em seguida, chegou a oferecer álcool para ela, mas ela recusou e falou que não bebia. Até hoje ela não bebe. Depois, ele perguntou se ela tinha algum segredo, algo que não contava para os pais e ela disse que não, que era uma criança”
Após esse primeiro momento, as investidas começaram a ser mais incisivas. “Ele falou que para ser modelo ela não podia ter vergonha, tinha que perder a timidez. Convenceu ela a tirar a parte de cima da roupa e a fotografar. Depois a convenceu a fazer fotos tapando só os seios. Ele chegou a pedir que ela o tocasse. Ela falou que iria ligar para mim e depois ele levou a mão dela para o pênis dele”, revelou a mãe.
Apesar de notar o comportamento estranho da filha, a mãe só soube do relato completo quando foi até a Delegacia de Crimes Contra a Criança e ao Adolescente (DPCA). No local, ela disse ter descoberto que as fotos de algumas meninas haviam sido colocadas em sites de prostituição.
O relato da filha desta mulher foi semelhante ao de outras meninas ouvidas no processo. Com algumas, no entanto, os abusos chegaram a ser mais extensos, havendo prática de sexo oral e conjunção carnal – crimes que teriam feito uma das jovens pensar em suicídio, de acordo com o relato de outra mãe, à época da prisão do empresário.
A ex-assistente de Moacir, que mantém contato com as vítimas e chegou a auxiliar a polícia a encontrar provas contra o empresário, considera justa sua condenação.
“As meninas me falam que podem haver mais vítimas, mas elas não quiseram denunciar por medo dos pais descobrirem e por medo de atrapalhar a carreira. Ele se aproveitou do sonho dessas meninas”
O advogado do empresário, Daniel Leal, confirmou a sentença de condenação e afirmou que foi um susto para todos. Adiantou que pretende recorrer da decisão dada em primeira instância e que está buscando uma forma de protocolar a apelação, já que em razão da pandemia de coronavírus, o funcionamento do Judiciário foi alterado.
A Gazeta não conseguiu confirmar se agência de Moacir continuou funcionando após sua prisão. Nas redes sociais, os perfis da agência não são atualizados desde outubro do ano passado.
Fonte: agazeta.com.br