O “novo cangaço”, nome dado à atuação de criminosos com armamentos pesados em municípios pequenos, foi tema na reunião desta terça-feira (18) da Comissão de Segurança da Assembleia Legislativa (Ales) com representantes das polícias Civil, Federal e Militar, da OAB/ES, da Defensoria Pública, além de empresas privadas de segurança de transporte de valores.
O presidente do Sindicato dos Policiais Civis (Simes), Aloísio Duboc Fajardo, ressaltou que medidas preventivas são fundamentais para prevenir esse tipo de crime, com investimentos em ações de inteligência, na qualificação de profissionais e em equipamentos mais modernos, além do aumento do efetivo das polícias Civil e Militar. “É preciso investir mais na formação dos nossos policiais, com formação contínua para estar à frente da criminalidade, investir em inteligência e tecnologia. Precisamos ainda de concurso público para suprir nosso efetivo”, pontuou.
O representante da OAB/ES na reunião, Fabiano Cabral Filho, criticou o efetivo defasado e a falta de valorização das carreiras da segurança pública. “Para frear o avanço das organizações criminosas temos que questionar como está o efetivo das polícias e as condições de trabalho desses servidores. Precisamos de policiais valorizados, e com equipamentos adequados para atuarem”, disse.
Valorização profissional foi a principal questão levantada no debate. O presidente do Sindicato dos Peritos Oficiais do Estado do Espírito Santo (Sindiperitos), Antônio Tadeu Nicoletti Pereira, falou da importância da prova pericial, como nas áreas de balística e biometria, para a prevenção e apuração dos crimes de “novo cangaço”. Nicoletti reforçou a necessidade de investimentos na estrutura e inteligência da Polícia Científica e de aumento salarial da categoria que recebe no Espírito Santo, segundo ele, o pior salário do Brasil.
O defensor público André Monjardim reiterou o pleito do reconhecimento profissional. “Sem valorização efetiva da carreira e da estrutura de trabalho, é inviável o combate a esse tipo de criminalidade. A valorização das forças policiais e dos servidores públicos como um todo é o que os mantém na carreira”, declarou o defensor público.
O presidente do colegiado, deputado Delegado Danilo Bahiense (PL), alertou sobre o avanço do crime organizado que tem criado mecanismos de expandir seus territórios para as cidades do interior do país. Em setembro de 2022, o município de Santa Leopoldina, na região serrana do Espírito Santo, foi vítima dessa modalidade de crime. Assaltantes arrombaram três bancos na cidade de 15 mil habitantes, usando explosivos como granadas e dinamite.
Bahiense afirmou que as forças de segurança estadual têm dificuldades técnicas e operacionais diante da aceleração constante do crime e cobrou do governo medidas efetivas para prevenir e enfrentar essa modalidade de crime. “Muito precisa ser feito. Não temos um plano operacional estruturado, estabelecendo ações, reações, papéis e atribuições institucionais, critérios operacionais, suporte técnico e operacional. Santa Leopoldina não possui sequer uma unidade da polícia civil em funcionamento”, concluiu.
Colegiado de Segurança reuniu representantes das polícias, OAB, Defensoria Pública e empresas privadas de segurança de transportes de valores
Comissão debate ação de quadrilhas no interior
Fonte: Assembleia Legislativa do ES.
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