Em um ano de turbulências e desafios, o agronegócio brasileiro é, mais uma vez, o porto seguro da economia brasileira.
A primeira notícia positiva diz respeito ao fato de não faltar alimentos (de origem vegetal ou animal) nos supermercados durante a pandemia. Em outros países, especialmente nos importadores – como a China, o problema foi sério e exigiu grande esforço das autoridades para compra emergencial de comida.
O Brasil está do outro lado da mesa, o de fornecedor global de alimentos. Nosso país produz grãos, fibras e bioenergia para atender às necessidades de mais de 1,2 bilhão de pessoas em quase 200 países espalhados por todos os continentes. Esse contingente representa quase 20% da população global.
Nesse campo, há mais notícias auspiciosas. Nos primeiros oito meses de 2020, o Brasil exportou 9,2% a mais em produtos agropecuários, superando US$ 61 bilhões em receita, um recorde para o período. Destaque incontestável para a soja e as carnes (frangos, suínos e bovinos). As vendas externas da soja – principal produto agrícola do país – já atingiram 74 milhões de toneladas, com aumento de 34% sobre o mesmo período do ano passado.
Importante destacar, também, que soja e milho representam de 60% a 70% da alimentação animal, sendo mais uma contribuição indiscutível da agricultura para o sucesso da produção e exportação de proteínas animais.
Para o suporte da performance impressionante no comércio mundial, o Brasil colheu este ano a maior safra de grãos da sua história. Foram 254 milhões de toneladas. A notícia é ainda melhor. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento diz que a previsão é atingir 278,7 milhões de toneladas no próximo ano. São quase 25 milhões de grãos a mais. Se o tempo ajudar, 2021 promete ser novamente positivo para o campo, e o Brasil permanecerá suprindo as necessidades internas e externas de alimentos. Mais uma vez, milho e soja são as estrelas, com aumento de 10 milhões de toneladas (cada).
Na base desse desempenho produtivo espetacular, uma série de engrenagens trabalha para a proteção dos cultivos contra inimigos muitas vezes invisíveis, mas terrivelmente agressivos. O mesmo clima tropical do Brasil que permite até três colheitas por ano também é o ambiente ideal para a proliferação de um exército de pragas, doenças, fungos, bactérias e ervas daninhas, que atacam as lavouras para impedir o aumento da produção. A quebra da safra poderia atingir 40% ou 100 milhões de toneladas de alimentos a menos se não houvesse a adoção de tecnologias. O combate a esses agentes nocivos é feito, entre outros, pelos defensivos agrícolas, que cumprem sua função de proteção e controle das plantas, possibilitando assim o aumento da produtividade da agricultura brasileira, com maior oferta de alimentos para atender à crescente demanda interna e global.
Devido ao grande trabalho dos agricultores e criadores brasileiros e ao controle das pragas e doenças o PIB agro deve crescer 3,2% em 2021, fortalecendo a participação do setor agropecuário no Produto Interno Bruto total – lembrando que o campo foi o único segmento que cresceu no 2º trimestre deste ano. Esse desempenho também impulsiona o chamado Valor Bruto da Produção (VBP), que representa o preço de venda dentro das propriedades rurais.
Em 2020, o VBP atingiu R$ 742 bilhões, com crescimento de 10,1% sobre o ano passado. Em 2021, está previsto novo salto, mostrando que a agropecuária se mantém como um setor dinâmico e em crescimento, que coloca mais comida na mesa das pessoas.
Julio Borges Garcia
Presidente do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg)