Atualmente no Brasil, há duas vacinas em aplicação contra o coronavírus, a CoronaVac e a vacina de Oxford, por meio de autorização de uso emergencial da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o que restringe sua abrangência a grupos prioritários. Com compras já negociadas pelo governo federal, outras cinco podem passar a compor o Programa Nacional de Imunizações (PNI). São elas a vacina da Pfizer (única com registro definitivo da Anvisa), Covaxin (Bharat Biotech), vacina da Johnson, Sputnik V (Instituto Gamaleya) e vacina da Moderna.
Além desses fabricantes, o laboratório CanSino Biologicals, da China, já manifestou interesse em trazer sua vacina ao país. De acordo com a Anvisa, a formalização do pedido de registro ou autorização de uso emergencial ainda não ocorreu.
Saiba mais sobre as vacinas que estão em discussão:
Vacina de Oxford
– Situação: aprovada pela Anvisa para uso emergencial, o que permite a vacinação de grupos específicos. Além disso, realizou pedido de registro definitivo à agência em 29 de janeiro, aguarda aprovação
– Doses disponíveis: para março, o Ministério da Saúde prevê a entrega de 6,7 milhões de doses, das quais 3,8 milhões serão disponibilizadas pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) e 2,9 milhões pelo Covax Facility. A Fiocruz já entregou 4 milhões de doses da vacina ao PNI e a expectativa é a de que 100,4 milhões de doses sejam entregues no primeiro semestre deste ano e mais 110 milhões no segundo
– Número de doses: duas doses, com intervalo de 3 meses
– Fabricante: Universidade de Oxford, no Reino Unido, em parceria com a farmacêutica anglo-sueca AstraZeneca. Representada no Brasil pela Fiocruz, no Rio de Janeiro
– País de origem: Reino Unido
– Tecnologia: vetor viral não replicante, utiliza adenovírus que causa resfriado em chimpanzés, modificado em laboratório, para induzir o corpo humano a produzir resposta imune à doença
– Eficácia: 82,4% ao fim das duas doses, sendo 76% após 90 dias da primeira dose
– Proteção contra variantes: a vacina de Oxford é eficaz contra a variante do Amazonas e do Reino Unido, mas tem eficácia reduzida contra a cepa sul-africana
CoronaVac
– Situação: aprovada pela Anvisa para uso emergencial, o que permite a vacinação de grupos específicos
– Doses disponíveis: para março, o Ministério da Saúde prevê a entrega de 23,3 milhões de doses da vacina, que serão envasadas pelo Instituto Butantan. Já foram entregues 13,5 milhões de doses ao PNI, e a expectativa é a de que 100 milhões sejam entregues até setembro deste ano
– Número de doses: duas doses, com intervalo de 28 dias
– Fabricante: farmacêutica chinesa Sinovac, representada no Brasil pelo Instituto Butantan, em São Paulo
– País de origem: China
– Tecnologia: vírus inativado, contendo em sua composição o novo coronavírus morto a partir de processos físicos e químicos. Considerada tradicional
– Eficácia: 100% eficaz para impedir casos graves e moderados, 78% de desenvolver quadro leve e 50,38% menos chance de contrair a doença
– Proteção contra variantes: a CoronaVac é eficaz contra as variantes do Amazonas, do Reino Unido e da África do Sul
Pfizer
– Situação: registro definitivo concedido pela Anvisa, o que permite vacinação em massa e comercialização com o setor privado
– Doses disponíveis: apesar de ter recebido o registro definitivo, não há doses disponíveis no País. As negociações entre o governo federal e a empresa sugerem que o País receba 14 milhões de doses entre maio e junho deste ano. O governo brasileiro caminha para um contrato de 100 milhões de doses da vacina para este ano
– Número de doses: duas doses, com intervalo de três semanas
– Fabricante: farmacêutica Pfizer em parceria com a empresa de biotecnologia alemã BioNTech
– País de origem: Estados Unidos
– Tecnologia: RNA mensageiro, que faz com que o organismo gere anticorpos sem que seja necessário utilizar algum tipo de vírus, seja ele atenuado ou inativado. Nessa tecnologia, o RNA instrui o organismo a produzir um pedaço da proteína do SARS-CoV-2, e é contra esses pedaços (inofensivos) do coronavírus que o sistema de defesa vai atuar e produzir anticorpos
– Eficácia: 95% após as duas doses e de 85% de duas a quatro semanas após a aplicação da primeira dose. Além de prevenir a covid-19, estudos comprovaram que a vacina também evita transmissão do coronavírus
– Proteção contra variantes: a vacina da Pfizer é eficaz contra a variante do Amazonas e do Reino Unido, mas tem eficácia reduzida contra a cepa sul-africana
Johnson
– Situação: em submissão contínua no Brasil, processo adotado pela Anvisa para acelerar a liberação das vacinas contra a covid-19, que permite a análise dos dados de estudos com o imunizante por etapas, assim que eles são gerados
– Doses disponíveis: o Ministério da Saúde anunciou a compra de 38 milhões de doses do imunizante para serem entregues a partir do segundo semestre deste ano. No entanto, a aplicação do imunizante depende da autorização de uso emergencial ou de registro definitivo, pedidos que ainda não foram realizados pela Janssen, fabricante da vacina
– Número de doses: dose única
– Fabricante: Laboratório Janssen, braço farmacêutico da Johnson & Johnson
-País de origem: Bélgica
-Tecnologia: vetor viral não replicante, utiliza adenovírus que causa resfriado comum em humanos como veículo para introduzir fragmentos do coronavírus que induzem o corpo a produzir resposta imune à doença
-Eficácia: 66% de eficácia global, que é a capacidade de reduzir o risco de uma pessoa desenvolver a covid-19
– Proteção contra variantes: segundo a Johnson & Johnson, o imunizante apresentou eficácia contra múltiplas variantes do vírus, incluindo a da África do Sul. A empresa não divulgou dados sobre proteção contras as variantes do Reino Unido e do Amazonas
Covaxin
– Situação: a Precisa Medicamentos, empresa que representa a vacina no Brasil, vai se reunir com a Anvisa no dia 16 de março para avaliar as condições da documentação para que seja feito o pedido de uso emergencial. A empresa chegou a solicitar a realização da fase 3 de testes do estudo clínico da vacina no País no mesmo dia em que a Anvisa dispensou essa exigência para a liberação do uso emergencial
– Doses disponíveis: o Ministério da Saúde informou que negocia a aquisição de 20 milhões de doses, com 8 milhões já à disposição para serem entregues neste mês
– Número de doses: duas doses, com intervalo de quatro semanas
– Fabricante: Bharat Biotech, em Hyderabad, na Índia, representada no Brasil pela distribuidora Precisa Medicamentos, em São Paulo
– País de origem: Índia
– Tecnologia: vírus inativado, na qual o vírus não consegue se replicar, mas sua presença no organismo faz com que o sistema imunológico reaja. Considerada uma vacina tradicional
– Eficácia: 81% eficaz na prevenção da covid-19, segundo órgão de saúde do governo indiano
– Proteção contra variantes: a Bharat Biotech afirmou que consegue adaptar rapidamente a Covaxin para combater as novas variantes, mas não divulgou resultados da eficácia do imunizante contra as novas cepas
Sputnik V
– Situação: a compra do imunizante também foi autorizada pelo governo. O laboratório chegou a apresentar à Anvisa pedido de uso emergencial no dia 15 de janeiro, mas a agência devolveu o pedido, pois já havia uma solicitação para a realização de estudos do imunizante no país. Na ocasião, a regra era a de fazer o estudo da fase 3 no Brasil para depois pedir o uso emergencial. Em 3 de fevereiro, a Anvisa passou a não fazer mais essa exigência, no entanto o laboratório não retornou com os documentos para o pedido de uso emergencial
– Doses disponíveis: as negociações do Ministério da Saúde com a União Química, empresa que representa a vacina no país, são para a compra de 10 milhões de doses importadas da Rússia. Cerca de 400 mil seriam entregues em abril, 2 milhões em maio e 7,6 milhões em junho. Mas a aplicação do imunizante depende da autorização de uso emergencial ou de registro definitivo
– Número de doses: duas doses, com intervalo de 21 dias
– Fabricante: Instituto Gamaleya, em Moscou, representada no Brasil pela farmacêutica União Química, em São Paulo
– País de origem: Rússia
– Tecnologia: utiliza dois vetores de adenovírus, vírus que causa o resfriado comum em humanos, para levar fragmentos do novo coronavírus ao organismo, que estimulam o corpo a produzir anticorpos contra a doença
– Eficácia: 91,6% eficaz na prevenção da covid-19
– Proteção contra variantes: agências russas confirmaram a eficácia da Sputnik V contra as variantes do Amazonas, Reino Unido e África do Sul, no entanto, não divulgaram dados sobre os estudos
Moderna
– Situação: ainda não apresentou pedido de uso emergencial ou registro definitivo
– Doses disponíveis: o governo federal fechou acordo para a compra de 38 milhões de doses para serem entregues no segundo semestre deste ano, mas a aplicação vai depender da liberação de uso emergencial ou de registro definitivo
– Número de doses: duas doses, com intervalo de 28 dias
– Desenvolvedor: Moderna
– País de origem: Estados Unidos
– Tecnologia: RNA mensageiro, que instrui o organismo a gerar anticorpos sem que seja necessário utilizar algum tipo de vírus, seja ele atenuado ou inativado
– Eficácia: 94,1% na prevenção da doença
– Proteção contra variantes: a vacina da Moderna é eficaz contra a variante do Reino Unido, mas tem eficácia reduzida contra a cepa sul-africana; em relação à variante do Amazonas ainda não há nenhum resultado divulgado
CanSino
– Situação: a vacina já sendo aplicada por meio de uso emergencial na China, Malásia, Indonésia, Paquistão e México
– Doses disponíveis: não há doses disponíveis no Brasil. Segundo a Anvisa, o laboratório já manifestou interesse em trazer o imunizante para o país, mas a formalização do pedido de registro ou autorização de uso emergencial ainda não ocorreu
– Número de doses: dose única
– Fabricante: Laboratório CanSino Biologicals
– País de origem: China
– Tecnologia: vetor viral, usa adenovírus causador do resfriado comum para induzir o corpo a produzir resposta imune à doença
– Eficácia: 65,7% na prevenção da doença e de 90,98% contra quadros graves
– Proteção contra variantes: não há informações divulgadas sobre a eficácia do imunizante contra as variantes
Fonte: FV