Cisjordânia: Bloqueios de Israel atingem recorde e afetam milhões de palestinos, segundo estudo da ONU
Um novo estudo das Nações Unidas (ONU), publicado nesta terça-feira (27), revela que os bloqueios israelenses à circulação de palestinos na Cisjordânia ocupada, incluindo Jerusalém Oriental, atingiram o maior número em 20 anos, afetando cerca de 3,3 milhões de pessoas. De acordo com dados do Escritório para Assuntos Humanitários da ONU (Ocha), foram identificados 849 postos de controle que limitam severamente o acesso da população a terras, trabalho, serviços de saúde e educação. O estudo se baseia em informações coletadas nos meses de janeiro e fevereiro de 2024.
A pesquisa destaca um aumento significativo nas restrições à mobilidade desde o início da guerra em Gaza, com mais postos de controle e portões rodoviários frequentemente fechados. Nos últimos quatro anos, o número de bloqueios na região aumentou 43%, com 36 novos pontos de controle estabelecidos entre dezembro de 2023 e fevereiro de 2024. Além disso, 288 bloqueios em rodovias foram identificados, sendo que quase 60% deles estão frequentemente fechados.
Moara Crivelente, especialista no conflito Israel-Palestina, afirma que esses bloqueios não são uma novidade, mas parte de uma estratégia destinada a fragmentar o território palestino e facilitar a colonização. Em suas palavras, “os sucessivos governos de Israel estiveram empenhados nisso pelo menos desde 1967”.
O relatório da Ocha também menciona que as restrições privam os palestinos de direitos humanos fundamentais, como demonstrado pelo bloqueio das estradas que conectam o norte do Vale do Jordão a Tubas, que dificultou o acesso para mais de 60 mil palestinos a mercados, unidades de saúde e escolas. Em um dos casos, a espera em postos de controle tem impactado diretamente a educação em aldeias locais, resultando em um aumento significativo nos gastos e no tempo de deslocamento para professores que atendem a cerca de 1,1 mil alunos.
Os desafios aos serviços de saúde são igualmente alarmantes, com relatos de emergências sendo severamente comprometidas por atrasos em postos de controle, além de afirmações de assédio e agressões por parte das forças de segurança israelenses. Um paramédico compartilhou a angústia de sua equipe durante uma emergência: “Todos os dias saio de casa pensando que pode ser o meu último”.
A descrição das condições na Cisjordânia tem levado a ONU a classificar os bloqueios como práticas que refletem um regime de apartheid, uma acusação que Israel nega, justificando as restrições como necessárias para a segurança do estado e de seus cidadãos. O governo israelense anunciou recentemente que pretende anexar partes da Cisjordânia em resposta ao reconhecimento do Estado palestino por nações europeias.
A história do conflito remonta a 1948, quando, com a criação do Estado de Israel, mais de 700 mil palestinos foram forçados a deixar suas terras. Apesar dos esforços internacionais para estabelecer um estado palestino, a situação na região permanece complexa, marcada por conflitos contínuos e desentendimentos diplomáticos.
Imagens: Fotos de bloqueios e situações de espera em postos de controle na Cisjordânia estão disponíveis na Galeria de Imagens da Agência Brasil. Créditos: Reuters/Issam Rimawi.
Bloqueio de Israel a palestinos na Cisjordânia é o maior em 20 anos
Fonte: Agencia Brasil.
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