A criança, uma menina, estava dentro de um saco de lixo sobre a calçada da Avenida Sebastião Eugênio de Camargo. Uma moradora, que prefere não ser identificada, disse que encontrou o bebê quando chegava em casa e chamou a polícia. “A gente se assusta com uma pessoa, uma mãe, que faz algo assim.”
De acordo com relatos de policiais militares, a médica que atendeu a bebê no Hospital Universitário informou que a criança havia nascido poucas horas antes do momento em que foi abandonada. Foi necessário o corte do cordão umbilical.
A bebê nasceu com 35 semanas e 1.860 gramas de peso. Ela passou por exames, foi medicada com antibióticos e não foi detectada com infecções. Após o quadro de saúde ficar estável, ela foi transferida para cuidados intermediários neonatais. A equipe de médicos e enfermeiros chama a bebê, preliminarmente, de Cecília.
Tanto a polícia como a equipe médica tentaram identificar a família da recém-nascida, sem sucesso. A Vara da Infância e da Juventude de Pinheiros foi acionada e a Defensoria Pública.
Para Gledson Silva Deziatto, conselheiro tutelar do Rio Pequeno/Raposo Tavares, a legislação permite que mães sem condições de criar os filhos recém-nascidos possam avisar o hospital e fazer isso de maneira adequada, evitando, por exemplo, que a criança seja abandonada no lixo.
“Muitas mães que têm o desejo de entregar o filho na hora do parto não sabem sobre seus direitos. Por medo de represálias e de exclusão da sociedade preferem deixar os bebês na porta de casas ou em saco de lixos”, disse Deziatto.