Mesmo em plena pandemia do novo coronavírus e com o isolamento social, o mês de março de 2020 foi o mais violento no Espírito Santo desde fevereiro de 2017, época marcada pela greve da PM, quando 227 pessoas foram assassinadas. No mês que passou, foram registrados 143 homicídios, aproximadamente cinco assassinatos por dia. Trata-se de um aumento de 66,27 % em relação ao mesmo período do ano passado: em 2019 aconteceram 86 mortes.
Para efeito de comparação, em março de 2018 foram registrados 112 homicídios e, em 2017, o mesmo mês (marcado pelos efeitos do pós-greve da PM) teve 130 casos. Já em 2016, aconteceram 114 assassinatos.
A marca negativa de 143, a pior de todas da segunda gestão do governo Renato Casagrande, só não é pior do que março de 2015, primeiro ano da terceira gestão Paulo Hartung, quando 154 morreram por ações violentas no Espírito Santo.
BANDIDOS SEM QUARENTENA
As medidas mais rígidas de isolamento social foram adotadas a partir do dia 16 de março. Mas, pelo visto, os bandidos não ligaram nem um pouco para a transmissão do novo coronavírus. Do dia 1º ao 15, foram 55 mortes. Já do dia 16 até ontem, 88.
O saldo de mortes do primeiro trimestre de 2020 é de 347, enquanto o de 2019 foi de 283. Já o de 2018 pontuou 327 e, o de 2016, 330. Fora da curva, 2017 apresentou 453.
Neste momento, com mais de 60 mortes à frente do ano passado, especialistas em Segurança Pública já começam a duvidar se 2020 será menos violento do que em 2019 e se conseguirá ainda ser mais pacífico do que 2016 e 2018.
TUDO NO VERMELHO
Todas as regiões do Estado estão no vermelho, com aumento de homicídios em relação ao ano passado. O bolsão populacional com mais concentração, a região metropolitana, já ultrapassa os 200 crimes letais contra a vida – sendo que em 2019 havia 179.
O número crescente de casos vem desde agosto do ano passado. Em julho, aconteceram 62 homicídios; já em agosto de 2019, 73, sendo que em setembro foram 74. Outubro apresentou 89 casos e, em novembro, 97. Dezembro teve leve queda, com 86 homicídios. Mas 2020 já iniciou com a aceleração de crimes, com 94 mortes em janeiro e outras 110 em fevereiro.
CORONAVÍRUS PODE BAIXAR O ÍNDICE
Gestores da segurança pública também avaliam que, caso a transmissão do novo coronavírus aumente no Estado e se outras medidas restritivas forem implementadas, os números poderão diminuir. Além, é claro, se forem adotadas novas ações de repressão por parte das Polícias.
MAIS DE UMA MORTE POR DIA EM CARIACICA
Cariacica é o exemplo do crescimento exponencial da violência no Espírito Santo. Se em janeiro foram seis mortes e, em fevereiro, 19, como num surto de infecção do novo coronavírus, o município teve em março 33 homicídios. Mais de um caso por dia.
Vale a pena lembrar: Cariacica é amparada pelo programa Estado Presente, da gestão estadual, e pelo Programa Em Frente, Brasil, do governo federal, no combate à violência. Além disso, desde setembro do ano passado tem a presença da Força Nacional atuando no município.
BANHO DE SANGUE EM VITÓRIA E VILA VELHA
Vila Velha e Serra também tiveram desempenhos que lembraram as épocas de matança diária. O município canela-verde somou 25 assassinatos. Na cidade serrana foram contabilizados 20 homicídios.
Capitais microrregionais, Cachoeiro de Itapemirim, no Sul, e Linhares, no Norte, estão no olho do furacão de assassinatos. A Capital Secreta do Mundo (não tão secreta assim para os criminosos) contabilizou 11 mortes de janeiro a março em 2020, sendo que no primeiro trimestre do ano passado foram quatro. Já Linhares, que vem nos últimos anos sendo palco dos bairros mais violentos do Espírito Santo, teve 24 crimes em três meses deste ano (e 15 no mesmo período de 2019).
NEM O DIVINO ESCAPA DA VIOLÊNCIA
Nem a pacata Divino de São Lourenço, com seus 4.304 moradores na região do Caparaó, escapou desta vez. Houve um caso no mês que passou na cidade, que não registrava ocorrência desse tipo desde 27 de agosto de 2017, quando uma mulher foi morta violentamente.
Fonte: agazeta.com.br