Rafael Salgadu mudou sua vida depois de entrar para o esporte alguns anos depois de descobrir ser portador de esclerose múltipla, uma doença degenerativa
Com apenas 21 anos, Rafael Salgadu descobriu ser portador de uma doença degenerativa que prejudica os movimentos e causa a deterioração dos nervos em um processo irreversível, a esclerose múltipla. Após alguns anos enfrentando o problema e mergulhado em uma depressão, ele decidiu praticar um esporte para melhorar o ânimo e também auxiliar no tratamento. Dessa forma, ele se tornou um campeão do esporte e da vida.
Hoje, aos 34 anos, Rafael é atleta paralímpico de jiu-jítsu, vice-campeão mundial da modalidade e neste mês vai a Los Angeles, nos Estados Unidos, participar de um novo campeonato. Além disso, ele vai participar de um estudo realizado pela Universidade da Califórnia com atletas do parajiu-jítsu. “Vou para o Grand Slam de Los Angeles, que acontece nos dias 22 e 23 de setembro. O campeonato serve para somar pontos para a final, que acontece em abril, em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos”, contou.
Rafael é o único atleta capixaba na competição mundial e o único brasileiro na classificação de sequela cerebral. “Descobri a esclerose múltipla em 2005, quando tinha 21 anos. Receber o diagnóstico foi até um alívio, porque eu estava sendo julgado pelas pessoas como drogado e bêbado por causa dos sintomas que apresentava. No início tive falta de força nas pernas, desequilíbrio, visão dupla e voz arrastada. Minha mãe chegou a revirar meu quarto para procurar drogas. Aí, em uma conversa informal com o coordenador de uma faculdade de Psicologia, ele indicou um neurologista que descobriu a doença e me encaminhou para o especialista”, lembrou.
SUPERAÇÃO
Em 2015 ele decidiu seguir uma nova linha de tratamento com suplementação de vitaminas. “Eu estava em uma cadeira de rodas quando descobri uma disfunção hormonal. Comecei a repor e também fui fazer musculação. Foi quando resolvi fazer um esporte. Como não consigo correr e não pulava na época, optei pelo jiu-jítsu por ser esporte de solo. Desde então, minha vida mudou”, garante Rafael.
No ano passado, o atleta começou a competir em campeonatos convencionais e em janeiro deste ano descobriu a equipe brasileira de parajiu-jitsu. “Fomos a Abu Dhabi, onde fui vice-campeão mundial paralímpico. Estamos rodando o mundo competindo. O esporte e os campeonatos me ajudam muito, quem me acompanhou desde o início diz que virei outra pessoa, melhorou muito a questão emocional. Hoje estou representando Linhares e nosso Estado, isso mudou minha condição psicológica”, explicou
Para ajudar Rafael a realizar seu sonho de ser um campeão mundial e continuar no esporte, ele disse que busca por patrocinadores e também vende uma rifa para pagar sua passagem e estadia nos Estados Unidos durante os dias do campeonato. A rifa custa R$ 5 e o prêmio é uma bicicleta aro 26. “Quem tiver interesse em comprar a rifa ou alguma empresa que queira me patrocinar, é só me procurar no Instagram, meu perfil é @rafaelsalgadu, ou pelo telefone (27) 99863-9310”, pediu.
ESTUDO
Além do campeonato em Los Angeles, o capixaba vai se juntar a outros atletas para participar de um estudo sobre parajiu-jítsu na Universidade da Califórnia. “Será uma troca de experiências e interação entre os paratletas. Serão seis japoneses, 22 americanos, um inglês e 11 brasileiros. O estudo será no dia 21 de setembro, quando a gente comemora no Brasil o Dia da Luta da Pessoa com Deficiência. Vou representar nosso país no estudo e mostrar que o esporte é uma ferramenta de reabilitação física e psicológica”, contou.
Já o Grand Slam acontece nos dias 22 e 23. “No dia 24 tenho compromissos em academias da Califórnia com a equipe brasileira de parajiu-jítsu, vamos mostrar nossa superação através desse esporte. No dia 26 já volto para o Brasil e chego no país no dia 27. Espero trazer mais duas medalhas, pois vou concorrer no campeonato de parajiu-jítsu e também no convencional, com atletas sem deficiências”, destacou.
Além de ser um atleta, Rafael também é palestrante na área de superação através do esporte. “Faço um ciclo de palestras gratuito e estou disponível para palestras empresas, escolas, faculdades, centros comunitários, centros de reabilitação, hospitais, enfim, todos que tiverem interesse. Não cobro da empresa contratante e nem de quem vai assistir a palestra. Quero contar minha história e ajudar outras pessoas a mudarem de vida”, afirmou.
Fonte: Gazeta online