A astrofísica portuguesa Clara Sousa-Silva denunciou o uso ilegal de seu nome em uma notícia enganosa publicada pelo site da revista Veja, que a inclui como autora da afirmação “Há sinais de vida fora da Terra”. No portal, um artigo aparecia assinado por Sousa-Silva, como se ela tivesse escrito a publicação, mas a astrofísica afirmou nas redes sociais que sequer reconhecia o texto.
A situação tomou grande repercussão no dia 18 de outubro, quando uma estudante da mesma área de Clara questionou o título da matéria nas redes sociais e chamou a manchete de “absurda”. Em resposta, no dia seguinte, a astrofísica portuguesa questionou os jornalistas Ernesto Neves e Mônica Weinberg por conta do conteúdo.
– Aparentemente a chefe direta do Ernesto Neves na Veja é a Mônica Weinberg. Monica, isto foi feito com a vossa autorização? Porque não foi feito com a minha – escreveu.
A Veja então alterou o título do artigo para “Molécula achada em Vênus pode indicar presença de vida”. Apesar da mudança, o site da revista manteve o nome de Clara como autora do artigo. A especialista então escreveu em seu Twitter que “nunca disse quase nada do que apareceu escrito” e que nunca concordou em aparecer como autora.
– Eu falei com o Ernesto Neves, como entrevista, mas nunca disse quase nada do que apareceu escrito, e certamente nunca concordei em aparecer como autora. Eu nem reconheço varias palavras. Nem a imagem é minha – afirmou.
A astrofísica também relatou a um usuário da rede social que tentou retirar o conteúdo do ar, mas que não teve sucesso. Em outra postagem, ela escreveu que estava buscando as saídas legais para a resolução do caso. Clara ainda disse que se sentiu como se tivesse a identidade “sequestrada”.
– Mudaram o título mas estão a recusar remover o artigo, ou o meu nome como autora. Não sei o que fazer. Eu sei que existem tragédias muito maiores no mundo mas isto é horrível. Eu sinto que minha identidade foi sequestrada – apontou.
Após o crédito ser alterado para o genérico “Da Redação”, a especialista chamou a atitude da publicação de “desonesta e repreensível” e afirmou que nunca mais trabalhará com a revista Veja. Na postagem, Clara Sousa-Silva reforçou que não aceitou participar da seção Primeira Pessoa e que não deu direito ao uso de seu nome ou imagem.
– Eu aprecio a mudança mas isto continua a ser uma prática desonesta e repreensível. Eu nunca aceitei participar na Primeira Pessoa. Eu nunca dei o direito ao meu nome, ou á minha imagem. Eu nunca teria dito o que me puseram a dizer. Eu nunca vou trabalhar com a Veja outra vez – completou.
RESPOSTAEm nota publicada em seu site, a revista Veja afirmou que a seção Primeira Pessoa “se destina a reproduzir depoimentos colhidos pelos profissionais da revista – e, por isso, os textos são assinados: ‘com depoimento dado a…’. A revista ainda disse que, no caso específico de Clara, a inscrição “Depoimento dado a Ernesto Neves” aparece na página 87 da revista impressa.
Já sobre a publicação no site, a Veja explicou que nome de Clara Sousa-Silva foi posto em posição que poderia ser confundida com o crédito de um artigo, e pediu desculpas pelo fato. A revista ainda esclareceu que “quando a entrevista é colhida em outro idioma, há evidente necessidade de tradução – e neste caso adaptou-se o português de Portugal para o do Brasil”.
– Reafirme-se que a seção Primeira Pessoa pretende oferecer aquilo que sua denominação sugere: depoimento em primeira pessoa, abrindo e fechando aspas. Artigos são publicados em outra seção da revista, a Página Aberta – completou a nota.
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