Nesta sexta-feira (8) foi comemorado o Dia do Sistema Braille, no Plenário Dirceu Cardoso da Assembleia Legislativa (Ales). Em sessão especial organizada pelo deputado Doutor Hércules, a Casa recebeu representantes de organizações da sociedade civil voltadas para o segmento das pessoas com deficiência visual do estado e autoridades municipais e estaduais.
No Espírito Santo há cerca de 10 mil pessoas com deficiência visual total, informou o deputado proponente da sessão. Doutor Hércules lembrou, ainda, que o professor José Álvares de Azevedo, jovem cego, voltando ao Brasil de estudos em Paris, incentivou o imperador D. Pedro II a trazer o sistema para o país.
Dificuldades
O coordenador do Núcleo Otacílio Coser de Apoio às Organizações da Sociedade Civil, Carlos Ajur, lembrou que os cegos são “pessoas que não estão na escola, não estão no mercado de trabalho, que muitos não têm acesso à saúde, a seus documentos, que muitos não são informados de seus direitos”.
Ajur destacou que, apesar de todas as dificuldades enfrentadas pelos cegos no dia a dia, contraditoriamente, o país é avançado nas leis. “Lembramos que o Brasil é um dos países com a legislação mais avançada do mundo na defesa e nos direitos das pessoas com deficiência e é signatário de todas as convenções da ONU voltadas para as pessoas com deficiência”, registrou.
Defesa do Braille
O Dia do Sistema Braille, comemorado nesta sexta-feira (8), é muito importante, como ressaltou o presidente do Instituto Luiz Braille Manoel Peçanha Nascimento. Ele pediu que, apesar das tecnologias de hoje, os cegos valorizem mais o sistema. Nascimento, que é jornalista, disse que as tecnologias leem para o cego, mas ele não aprende a ler e a escrever.
“É através dele (do sistema Braille) que nós aprendemos a escrever. Sabe por quê? Os sistemas que falam, os computadores, os aplicativos, os leitores de tela, eles leem para você, mas não te dão condição, no momento da leitura, para saber como se escreve. Sendo assim, nós acabamos tendo vícios de leitura e encontramos dificuldades para assimilar (com dois esses, um só, com ´x’, como é essa história?). Podemos usar todas as tecnologias, mas devemos valorizar aquela que nos dá as condições e fundamenta as informações através do conhecimento, que é o sistema Braille”, defendeu Nascimento.
Reafirmando a ideia do presidente do Instituto Braille, “a difusão do conhecimento é fundamental”, disse o procurador-chefe do Ministério Público do Trabalho (MPT) no Espírito Santo, Estanislau Tallon Bozi. Ele informou que o MPT tem uma biblioteca virtual e que suas obras também são encontradas na Língua Brasileira de Sinais (Libras) e em áudio.
Reaprendizado
O presidente do Movimento Capixaba de Combate ao Glaucoma (Movig), Ésio Evandro Sampaio Meirelles, emocionado, relatou que ficou cego há pouco tempo, vítima do glaucoma, e contou sobre a superação que conquistou depois de conhecer alguns professores e militantes do segmento das pessoas com deficiência visual.
“Fui levar meu filho para uma aula de desenho no antigo CAP (Centro de Apoio Pedagógico à Pessoa com Deficiência Visual) e uma senhora de serviços gerais me perguntou por que eu andava segurando o braço de meu filho. Eu respondi: porque fiquei cego e não consigo andar sozinho. Você tem de andar sozinho, disse a senhora”.
Meirelles contou que aquela senhora simples o despertou, “acendeu uma luz para mim”. Ele tinha ido a um lugar onde funcionava um centro de apoio para as pessoas com deficiência visual, que ensinava a andar de bengala, a mexer com computador. Ali, disse, ele reaprendeu a andar e a ler.
Sistema Braille
O Código Braille de leitura tátil para cegos foi criado pelo francês Louis Braille, que adquiriu a deficiência visual aos três anos de idade. Aos 16 anos, em 1825, criou um sistema de leitura baseado em pontos em relevo. São seis pontos em duas colunas de três linhas que, combinados de 64 maneiras diferentes, representam letras, números, sinais de pontuação, acentuação, fonética, símbolos científicos, musicografia e informática.
Outros sistemas apareceram na mesma época, como o de Charles Barbier de La Serre, mas o Braille foi considerado o mais completo. O sistema foi adotado no Brasil, em 1843, pelo Instituto Benjamin Constant do Rio de Janeiro, à época, conhecido como Imperial Instituto dos Meninos Cegos.
No estado, em setembro de 1953, foi fundado o Instituto Luiz Braille do Espírito Santo, em Vitória. A associação presta serviços de saúde, assistência social, intelectual e artística às pessoas cegas.
Mesa
Também participaram da mesa a assessora de educação especial da Secretaria Estadual de Educação (Sedu), Giovanne Silva Berger Tonoli, o ex-prefeito de Jaguaré, Evilázio Sartório Altoé; o presidente do Conselho Estadual de Educação, Artelírio Bolsanello; a presidente da Associação dos Amigos dos Autistas do Espírito Santo (Amaes), Pollyana Paraguassu; o presidente da União de Cegos Dom Pedro II, José Aprígio Barbosa; a presidente do Conselho Estadual de Assistência Social, Sandra Shirley de Almeida; o secretário de Planejamento de Jaguaré, Robson Grobério; o presidente da Associação de Cegos de Jaguaré, Joel Moreira; a representante da Comissão Brasileira de Braille e dos Centros de Apoio Pedagógico à Pessoa com Deficiência Visual (CAP) da Região Sudeste, Leoneida Ladeira Macedo; o diretor-geral do Instituto Federal do Espírito Santo, campus Vitória, Hudson Luiz Cogo; a diretora da Associação Colatinense de Deficientes Visuais, Maria do Socorro Santana Reinoso; a promotora do Ministério Público Estadual, Maria Cristina Rocha Pimentel; e o superintendente de Educação de Vila Velha, Gison Oliveira Soares.
Data foi lembrada em evento com a participação de representantes de organizações voltadas para o segmento das pessoas com deficiência visual e autoridades
Assembleia Legislativa celebra Dia do Sistema Braille
Fonte: Assembleia Legislativa do ES.
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