Perde a história de Anchieta mais um ícone, professor Jefinho Mulinari. O magistério chora a sua morte

Eu quero começar este texto quebrando o protocolo da notícia que exige um bom lead, dispenso a técnica das cinco perguntas básicas: o que, quem, como, onde e quando?
Professor Jefinho, historiador de Anchieta que se despede neste sábado 12 deste plano, depois de ser contaminado pelo maldito novo coronavírus. Ele se foi e deixou a cidade órfã de um grande e humilde mestre.

Em 2017 e 2018 Jefinho atuou no Centro Cultural em Anchieta na área de Patrimônio Histórico e Cultural e nesta época, tive a honra de conhecer o mestre, não sei quando, exatamente, data. Fui em busca de informações sobre a história real de Anchieta, nossa antiga Rerigtiba, ou mesmo como ele me disse, Benevente.
Jefinho me contou coisas que agora se eu posso abrir, na época eu jurei que não diria a ninguém para não trazer desgaste para nem para ele, nem para as famílias envolvidas nas cenas. Ele me contou muita coisa da Terra do Santo José de Anchieta. Aquelas coisas que os livros de História omitem em nome do conservadorismo e da santidade católica.

Falou com detalhes dos documentos guardados a sete chaves da época do Império e talvez, poucos saibam de fato a verdade sobre a História de Anchieta. Jefinho sabia e ele tinha tanta certeza, pois revirou tudo que achou nos arquivos que traziam o resgate. Cartas, cartões postais, rascunhos, anotações… Quer saber, eu vou contar logo parte do que ele disse, e me avisou: se você um dia revelar isso, eu digo que é mentira. Mas agora ele não vai me desmentir e nossa conversa não teve testemunhas.
Sabia que Dom Helvécio foi mesmo Dom e uma figura impar para a igreja e para Anchieta? Pois bem ele, nasceu em 1876 em Benevente, na mesma terra que Jefinho tanto amou falar dos segredos, da memória em seus fragmentos resgatados ao longo do tempo. Jefinho me disse que Dom perdeu seu pai ainda criança. Contou-me ainda que a família Oliveira era proprietária de muitas terras em Anchieta, inclusive Iriri era toda da família, tanto que no centro a Avenida principal leva o seu nome, as condições financeiras possibilitaram que o menino Helvécio saísse de lá para estudar, inclusive em Roma, na Itália. O pai era nada menos que José Gomes de Oliveira, tenente-coronel ex-combatente da Guerra do Paraguai e de Maria Mattos de Oliveira. Entende por que a Escola tem o nome de Maria Matos? O que poucos sabem, e agora Jefinho não vai brigar comigo, é que este Dom, tão famoso teria pecado com uma serva de seu poderoso pai e deste, nascera um homem muito famoso no Brasil, que a história jamais reconheceu como filho de uma negra empregada que engravidara do filho de um homem tão poderoso que deu nome a outra escola em Rerigtiba. Juscelino Kubitschek de Oliveira, presidente do Brasil em 1956 e 1961. Pasmem, isso mesmo e a história jamais revelara este fato, seria um escândalo sem precedentes, que nenhum jornal da época estamparia em manchete.
Deixemos nosso mestre historiador, professor tão querido e respeitado descansar nos braços do Pai, deixamos as honras lá no céu lhes serem conferidas neste triste sábado aqui pra nós, e que ele se encontre com os antepassados, de preferência, o Santo José de Anchieta, que além da benção deverá estar feliz com o amigo que lhe honrou tanto na cidade que morrera e deixou um santo legado. Encontre também com Dona Maria Matos e fale da situação da Escola hoje. E se ver Helvécio, o dom, diga que me contou o segredo dele e agora eu conto tudo. Diga também que é bobagem ficar zangado agora, que o pecado já foi cometido, mestre.
Voltando a notícia que eu quebrei o protocolo inicial. O lead é: O professor Jeferson Mulinari e Silva, 44 anos, residente em Anchieta morreu por complicações Covid-19, na manhã deste sábado, 12 depois de permanecer durante muitos dias internado em Santa Teresa.
Jefinho estava atuando como pedagogo em Itapemirim, desde o ano de 2018. Nos últimos 04 anos ele não atuou na Educação de Anchieta. Várias vezes fazia eventos junto à cultura e o turismo de Anchieta. Estava envolvido na semana do turismo de Anchieta, inclusive, com uma mostra fotográfica do acervo dele.
Peço desculpas já a sua família por não trazer a notícia na integra, tentei com várias pessoas, inclusive com a Prefeitura saber mais detalhes.
Que Deus em sua infinita misericórdia receba o seu tão amado filho e a toda a sua família estenda um grande abraço. Aos amigos, fiquem com o legado, aos alunos levem os ensinamentos e multipliquem. Aos professores, tomem como lição o conhecimento de Jefinho.
Descanse em paz e obrigada por me trazer tantas informações para que eu pudesse enobrecer a história de Anchieta em um especial que fizemos lá atrás. O seu legado nos enche de orgulho!
Compartilhe nas redes sociais
Fonte: Espírito Santo Notícias