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Anchieta-ES / Final da Copa “São José de Anchieta” acaba em confusão, professora algemada no camburão e mata-leão

Uma cena que não fazia parte do regulamento da Copa “São José de Anchieta”. A mãe de um jogador entra em campo para abraçar o filho e a situação sai do controle

Tinha tudo para ser um sábado, 22, de festa no Campo do Nova Jerusalém, em Anchieta, era a final na 1ª Copa “São José de Anchieta”, mas acabou em muita confusão.

A professora, Juliana Nunes Muller Caldeira, entrou em contato com a Reportagem do Jornal “Espírito Santo Notícias”, e enviou diversos vídeos, onde ela aparece entrando no campo para abraçar o filho que chorava muito, depois do time perder para o Atlético Guarapariense de 1X0, e sai algemada direto para o camburão. Passa 10 horas algemada. O marido acabou entrando em campo para tentar defendê-la, xingou os guardas e levou um golpe mata-leão.

Os guardas municipais pediram que Juliana deixasse o gramado, ela aguardava o final da oração do “Pai Nosso” para tirar o filho. Foi algemada e acabou indo parar na Delegacia de Guarapari, no camburão. Houve confusão, gritaria e spray de pimenta para acalmar a torcida, dois torcedores acabaram indo parar no Pronto Atendimento – PA com intoxicação.

A Guarda assegura que foi necessário o uso de algemas nela, e o mata-leão no esposo da professora, que teria sido um procedimento padrão, diante do desacato que Juliana teria praticado.

Juliana conta a versão dela para os fatos e, a gerência da Guarda enviou ao jornal uma nota de esclarecimentos, ainda na noite deste domingo, 23.

Nesta segunda-feira, 24, a Reportagem conversou com secretário de Esporte e Juventude de Anchieta, João Orlando da Silva Simões, para esclarecer o episódio ocorrido com a professora, que é mãe de um atleta, o seu marido , e a mãe dela, dona Elza. Todos entraram no campo quando a situação saiu do controle.

O secretário foi enfático, disse que não estava no campo no exato momento em que tudo aconteceu. “Eu não estava na hora presente para te falar assim: eu vi. Eu cheguei lá a professora já estava algemada, tentei amenizar da melhor forma possível, o marido estava revoltado, lógico, a esposa algemada, nem tinha visto que eles tentaram derrubar ele, só vi depois que comentaram comigo. Conversei com a Guarda, mas, o relato deles, foi que eu faço esporte, e pedi segurança e a segurança estava lá. E, falaram, não tenho certeza, que houve uma agressão, não vi, não posso confirmar para você. O que eu posso relatar é que foi um incidente infeliz, no último dia. Tudo estava tranquilo, uma copa com 800 crianças, a partir de 8 anos, inclusive, tivemos um atleta de 8 anos que foi selecionado pelo Flamengo para se apresentar no rubro-negro”, frisou João Orlando.

Em relação à professora, a mãe dela e o marido entrarem em campo, uma vez que, é proibido, o secretário de Esporte disse que chegou a advertir aos servidores que ficam responsáveis pelo portão. O fato ocorreu na hora em que os dois se dispersaram, olhando o jogo. Ainda assim, João Orlando assegura que, não era necessário todo o desgaste, poderiam ter resolvido no diálogo. “Nesta ocasião eu estava recebendo o presidente na Câmara de Vereadores e secretário de Infraestrutura e de Governo. Eu não vi, só notei quando a situação estava generalizada, o marido dela estava revoltado, ela algemada. Tentei conversar para ver se precisava desta força, se precisava acontecer isso, e eles disseram que sim, porque cortaram o supercílio do guarda. No entanto, até foi chamada a Polícia Militar que chegou lá também, e conversou comigo, dizendo que a parte era da segurança é deles e que eu faço esporte. Eu disse: tranquilo, mas eu não quero que vocês usem força abusiva, e estão usando, vamos conversar. Eu disse que estava lá para ajudar. Quando a viatura chegou, pra mim eles iam colocá-la na gaiola, eu conversei com o supervisor para não fazerem isso. Conversei com a mãe dela”.

A cena dos guardas dando o mata-leão no marido da professora, no meio do campo, chama atenção para a forma de abordagem, que segundo a GM, foi necessária. “Eu perguntei, é preciso esta força excessiva. E eles disseram, aconteceu isso, isso e isso. Eu disse: calma, calma, calma. Eu tentei apaziguar na Polícia Militar, conversar, mas, não obtive sucesso. Sou muito amigo da dona Elza, mãe de Juliana, a filha estava chorando, me prontifiquei a levar a mãe em casa.

onversei com alguns agentes para amenizar, para não levarem a adiante, mas eu não obtive sucesso. Não consegui tirar a algema porque é serviço deles, falaram que é era serviço deles”, disse o secretário.

João Orlando, como o mediador de conflitos, defende o diálogo, e era necessário naquele momento, era uma final de jogos e havia premiações a serem entregues aos atletas. Tudo estava correndo muito bem. A cidade ficou movimentada, o esporte importante para a vida dos meninos que estão sendo preparados para representar o município em outros clubes. “Eu não estava lá. Se eu estivesse lá eu acho que não teria acontecido isso, seria através do diálogo. Porémeu tive que receber as autoridades que iriam ver os troféus e fazer a premiação. Mesmo com tudo isso, conversei com o filho dela, e disse que ele iria receber a medalha, que era para ele ficar tranquilo. Conversei com a mãe da professora e disse que ia fazer o máximo possível para ajudar, mas eu não posso passar por cima da força de segurança, porque eu faço esporte, eu peço segurança. Havia dois funcionários no portão, eles relaxaram quando acabou o jogo, e ela entrou com tudo. Eles foram atrás dela, ela falou alguma coisa, eles recuaram”.

O campeonato foi para atletas sub-11, sub-13, sub-15 e sub-17. Cerca de 800 jogadores do Espírito Santo e Minas Gerais passaram por Anchieta.

O que diz Juliana

A professora contou como tudo teria ocorrido. Ela entrou no campo, para abraçar o filho que chorava muito após perder o jogo. Momentos depois entra a mãe e sem entender o que está acontecendo. “E eles já chegam em mim pedindo para sair, pedi que tivessem um pouco de paciência que sairia com meu filho. Neste momento, me jogaram no chão, 3 homens sobre mim, e me algemram. O vídeo é claro. Eu me bato e alguma coisa bateu nele. Eu não atirei o rádio nele, isto eu tenho certeza, não sei lidar com isso. Jamais teria agredido. Eles entram e me jogam no chão.
Em um dos vídeos mostram que eu entro e vou direto no meu filho, paro lá e fico, um homem chamado Wendel de Jabaquara se aproxima e peço que espere, mesma coisa que falei para guarda.

Quando meu marido e meu filho veem a situação correm para o campo e são agredidos com cacetetes (meu filho), só não pegaram porque entraram na frente. Minha mãe foi empurrada, com 72 anos de idade. Depois de ser algemada, fiquei uma meia hora no campo porque não saíram por onde estavam as pessoas indignadas.

Depois fui conduzida à viatura. Chegando numa rua deserta, tiraram Alex (meu marido), que foi somente para me acompanhar. Algemaram e colocaram no camburão de outra viatura.

Já na delegacia de Guarapari ficamos inúmeras horas esperando o Boletim de Ocorrência ser gerado, e o tempo todo, eu algemada. Até os próprios da delegacia perceberam que o que aconteceu um descaso. O deboche. Só que não imaginavam que éramos tão conhecidos”.

O diz a Guarda

A Reportagem entrou em contato com a Gerente Estratégica da Guarda Civil Municipal de Anchieta, Tamyris Tristão, e solicita um esclarecimento sobre o que houve no campo do Nova Jerusalém. Em tempo o jornal questiona: É fato que a GM jogou spray de pimenta contra a torcida e seis crianças foram levados ao PA? Recebi um vídeo em que um GM dá um mata-leão no marido da professora e o joga no chão, fica em cima dele o sufocando… esta prática foi necessária? A professora disse que ficou 10 horas algemada… Era necessário este procedimento?

A Gerente Estratégica enviou uma nota de esclarecimentos dizendo:

“A Guarda Municipal de Anchieta, parceira da sociedade Anchietense há 15 anos, vem, por meio do presente, se posicionar frente às reportagens noticiadas sobre a final da Copa “São José de Anchieta”.

Informarmos que nossas ações são pautadas na legalidade e respeito ao cidadão.

No evento já mencionado, uma cidadã, após invadir o campo por não concordar com a arbitragem, se recusou a se retirar da área e teve que ser retirada pela nossa equipe. Neste momento, a cidadã ateou o rádio comunicador do GCM contra o rosto dele, rompendo o supercílio do agente. Após, houve grande confusão sendo necessário o uso da força.

Ressaltamos que a Corregedoria da GCMA analisará todas as condutas e, se constatado algum tipo de excesso, o servidor sofrerá processo administrativo.

Por fim, prezamos pela paz e harmonia com os cidadãos desta cidade”.

Grifo nosso

Não cabe ao jornal fazer nenhum julgamento de quem estava certo ou errado. Entretanto, como o assunto ganhou uma repercussão muito grande, optamos por opinar aqui.

O jornal enxerga o esporte como instrumento de inclusão, ferramenta que empodera meninos e meninas, que oportuniza realização de sonhos. O jornal lamenta profundamente o caso ocorrido em Anchieta, era para ter sido somente uma grande festa.

Os torcedores sempre vão estimular o seu time, e vão também gritar e xingar o juiz, principalmente, se o seu time estiver perdendo. Entretanto, o jornal defende o diálogo em todas as circunstâncias, para evitar conflitos. O esporte tem de ser um instrumento que melhore a vida das pessoas, que ensine disciplina e desde cedo leva consciência de que é preciso aprender a ganhar e perder. No final todos ganham.

Temos respeito para com a Guarda de Anchieta, mas não comungamos com excessos, e somos contra toda e qualquer forma de violência.

A secretaria Municipal de Esportes e Juventude de Anchieta, e aos organizadores, nossos parabéns. E que, na próxima Copa, o diálogo seja o mediador para não ser preciso viaturas e algemas. Não é, São José de Anchieta?

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Fonte: Espírito Santo Notícias – Notícias de Anchieta

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