Quando a família de Emerson Miranda adquiriu uma propriedade de 15 hectares em Santa Teresa, município distante cerca de 70 quilômetros da capital, Vitória, o cenário era muito diferente do que é hoje. O local era repleto de bananeiras, laranjeiras e 13 mil pés de café. A mata nativa se resumia a apenas um hectare.
Em 1990, Emerson e a esposa, Viviane Lopes, iniciaram o processo de recuperação da mata nativa. “A gente queria devolver a floresta para a natureza”, conta.
Hoje o sítio Rancho Fundo conta com mais de 10 hectares – o equivalente a 10 campos de futebol – de vegetação nativa. O caminho para o reflorestamento foi o plantio da palmeira juçara, espécie nativa da Mata Atlântica, similar ao açaizeiro, natural da Amazônia. Atualmente, a propriedade possui mais de 400 pés da juçara registrados no Programa Estadual de Ampliação da Cobertura Vegetal, o Reflorestar, da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Seama). Além disso, ostenta mais de 20 mil pés fora do programa.
Ameaça de extinção
A palmeira juçara é uma espécie ameaçada de extinção por causa da extração do seu palmito. Como a planta é monocaule, a retirada do palmito causa a morte da árvore. Por isso, desde 2008 sua exploração é proibida. Entretanto, o palmito continua a ser extraído ilegalmente e é vendido no mercado disfarçado de pupunha e açaí.
Processo
Emerson conta que o reflorestamento foi feito por etapas. “Primeiro, criamos uma área de abandono (local onde a vegetação pode crescer livremente por tempo determinado sem nenhum plantio prévio). Isso dá a chance de as sementes que chegam no bico dos pássaros vingarem e nascerem. Depois, roçamos a capoeira (vegetação secundária composta por gramíneas e arbustos esparsos, que cresce após a derrubada da vegetação original). Deixamos apenas as mudas de até um dedo de espessura. Essas medidas enriquecem o solo naturalmente com a decomposição das folhas e frutos que caem, por exemplo.”
Em seguida, Emerson faz o manejo das árvores que surgiram naturalmente, sem a necessidade de plantio. O manejo consiste em limpar a área, afastando mudas muito próximas, para que seja possível a introdução de outras culturas como a juçara.
Exploração sustentável da palmeira nativa da Mata Atlântica para comercialização do fruto, semelhante ao açaí, tem ajudado a preservar espécie em risco de extinção
Cultivo da palmeira juçara gera renda e protege espécie ameaçada
Fonte: Assembleia Legislativa do ES.
Para mais informações sobre a Assembleia Legislativa do ES acesse o site da ALES
Cultivo da palmeira juçara gera renda e protege espécie ameaçada