Jhon Weslei veio de Marataízes, no litoral capixaba, para ganhar a vida na capital mineira com um primo e um irmão. Ele denuncia falta de notificação de fiscais
A crise econômica deixa a população sem escolhas. Em uma cidade cercada de entregadores de comida e de motoristas de aplicativo com carro alugado, o comércio informal também encontra espaços, justamente a escolha do capixaba Jhon Weslei para ganhar a vida, ainda que por apenas 20 dias, no coração de Belo Horizonte.
Nesta quinta (2/9), pela segunda vez em apenas uma semana, o homem natural de Marataízes (ES) teve seu objeto de trabalho apreendido por fiscais da Prefeitura de BH: abacaxis que ele vende na Avenida Carandaí, no Bairro Santa Efigênia, Região Centro-Sul da capital mineira.
“Nem me notificaram. Chegaram e não falaram nada. Já colocaram o meu produto na caminhonete e saíram. Meu prejuízo foi de R$ 300. Com mais R$ 400 de sexta (27/8), já são R$ 700”, diz Jhon em entrevista ao Estado de Minas.
Segundo ele, os fiscais ameaçaram apreender também o carro usado por ele para transportar as frutas, o que elevaria o desfalque. “Vim de lá e deixei minha esposa para tentar melhorar as coisas. Vou ficar apenas 20 dias. Não sei o que vou fazer agora, sinceramente”, afirma.
Jhon passa estadia no Bairro Conjunto Califórnia, Região Noroeste da capital mineira. A reportagem do Estado de Minas flagrou o momento exato que os fiscais apreendiam os abacaxis, na altura da Carandaí com a Rua Piauí.
“Trabalho na rua há 14 anos. Sempre com responsabilidade. Não deixo sujeira e os vizinhos aqui (no Santa Efigênia) já me conhecem. Sabem que não tem desorganização. Se tivesse, eu entenderia. Aqui, não dá para ficar mais. Já está marcado”, lamenta o trabalhador.
Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad), divulgada no último dia 31 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que a taxa de informalidade no Brasil é de 40,6% da população ocupada. São 35,6 milhões de trabalhadores na mesma condição de Jhon Weslei.
A Prefeitura de Belo Horizonte informa que o cidadão já havia sido orientado outras vezes sobre a irregularidade e que os produtos apreendidos podem ser resgatados mediante procedimentos previstos em lei.
Fonte: em.com.br