Desde o início da pandemia do novo coronavírus, 526 crianças com idades entre 0 e 9 anos já testaram positivo para o vírus no Espírito Santo. Quatro delas morreram em decorrência do agravamento da Covid-19. É o que mostra o Painel Covid-19 – ferramenta do governo para monitorar os casos da doença no Estado.
Apesar de aparentemente baixo se comparado com os mais de 36 mil capixabas contaminados, os dados infantis podem não refletir a realidade de infectados, como explica o pediatra da Rede Meridional, Lincoln Bertholi Rohr.
“Muitas vezes, as crianças são assintomáticas, mesmo tendo casos graves dentro deste universo. Por isso, a quantidade de crianças infectadas é muito maior do que está relatada por causa das inúmeras sub-notificações. Elas raramente passam pelo exame da Covid-19, pois não apresentam os sintomas da doença”, explicou.
O médico disse que apesar de haver poucos estudos reconhecidos sobre o novo coronavírus, é possível perceber que as crianças possuem uma certa resistência contra o vírus. “Não sabemos muito bem, mas parece que ser por falta de maturidade no organismo. Na teoria, as crianças possuem um fator protetor, algumas enzimas conversoras que ainda estão imaturas, por isso o vírus teria dificuldade de entrar no organismo infantil. Mas isso são conjectura e estudos ainda”, ressaltou.
REDUÇÃO NAS INTERNAÇÕES POR INFECÇÕES VIRAIS
Em relação às síndromes gripais comuns, as crianças costumam ser afetadas durante a época do ano com temperaturas mais baixas. Porém, este ano, houve uma redução de internações por infecções virais, como conta o pediatra. “De março até julho, há um aumento de internações de crianças com quadro de gripes e bronquiolites. Porém, como a maioria delas está sem aulas e vivendo em isolamento, houve uma redução a quase zero de internações por esta enfermidade no Espírito Santo”, disse.
A redução drástica de crianças internadas em hospitais em 2020 é a prova de que o isolamento social é importante para evitar contagio. “Por isso o isolamento deve acontecer para a Covid-19. Apesar de as crianças serem poupadas da maioria dos quadros graves, elas vão passar para os adultos, um tio, o avô, os pais, ou qualquer outra pessoa que tenha doenças crônicas. São vetores de transmissão. Não adianta tomar vitamina. Precisamos ter uma alimentação saudável e manter o isolamento social”, completou.
MORTES
Apesar das crianças serem menos atingidas pela forma grave da Covid-19, há registros de óbitos nessa faixa etária. No Espírito Santo, foram quatro vítimas segundo o Painel da Covid-19. Entre elas está um bebê de 11 meses, portador de Síndrome de Down, que morreu em Vila Velha. Os outros registros são de bebês com menos de um ano, que morreram nos municípios de Vila Valério, Serra e Aracruz.
FONTE:agazeta.com.br